Exército israelense realiza escalada militar na Síria

247 - O exército israelense está ampliando sua atuação militar na província síria de Quneitra, com uma série de ataques que, segundo moradores e fontes locais, vão além de alvos militares e atingem deliberadamente áreas civis. A denúncia foi feita em reportagem publicada pelo portal Al Mayadeen, que teve o a relatos de residentes e imagens do local dos bombardeios.

Nos últimos dias, incursões rápidas e coordenadas foram registradas nas cidades de Taranjeh e Koum Mheires, no sul da província. Testemunhas afirmam que posições do Exército Árabe Sírio foram destruídas em questão de minutos e que casas e áreas residenciais também foram atingidas durante as operações. A escalada de violência reacende preocupações sobre um possível plano de deslocamento forçado da população local por parte das autoridades israelenses.

“A criação de zonas de proteção por Israel, supostamente para afastar os moradores, colocou nossas casas dentro da linha de fogo”, denunciou um morador de Quneitra em entrevista à Al Mayadeen. Segundo ele, as chamadas “zonas de segurança” estariam sendo usadas como justificativa para operações militares que, na prática, tornam a vida dos civis insustentável.

Um dos depoimentos mais contundentes é o de Abu Marwan, agricultor da região, que relata ter perdido plantações e propriedades após repetidas incursões israelenses. “Exijo indenização depois que eu e centenas de fazendeiros enfrentamos violações constantes pelas forças israelenses, que atacaram não apenas postos militares abandonados e veículos desativados, mas também civis, mesmo sem nenhuma ameaça de segurança aparente”, afirmou.

Os ataques seguem um padrão semelhante ao registrado em outras localidades de Quneitra, como na cidade de Hadr, onde ofensivas anteriores destruíram estruturas militares sírias em tempo recorde. No entanto, o que chama a atenção agora é a constância dos bombardeios e a expansão do raio de ação, que a a incluir deliberadamente áreas de uso civil.

Especialistas ouvidos pela Al Mayadeen apontam que a atual estratégia israelense pode ter como objetivo criar uma faixa de segurança ao longo da fronteira, mas o método empregado estaria violando o direito internacional ao atingir deliberadamente a população civil. A situação é agravada pelo silêncio de organismos multilaterais e pela ausência de reação contundente por parte de países ocidentais.

Analistas em Damasco alertam que essas ações podem estar inseridas num plano mais amplo de desestabilização da região, pressionando as autoridades sírias a recuar em zonas estratégicas e forçando o êxodo de populações que residem há décadas nas áreas rurais de Quneitra.