Global Times explica por que os EUA perderão a guerra comercial contra a China
Especialistas apontam fracassos da estratégia norte-americana, destacam a resiliência econômica da China e o afastamento crescente dos aliados dos EUA
247 – O jornal Global Times publicou um texto contundente com a colaboração de três especialistas internacionais, explicando por que os Estados Unidos estão prestes a perder, mais uma vez, a guerra comercial contra a China. A publicação destaca que, apesar da intensificação das tarifas e restrições econômicas impostas por Washington em 2025, a estratégia norte-americana tem se mostrado ineficaz, gerando desgaste com aliados históricos e fortalecendo a posição da China no comércio global.
O texto reúne análises de Warwick Powell, professor adjunto da Queensland University of Technology e ex-assessor do ex-primeiro-ministro australiano Kevin Rudd; Radhika Desai, professora da Universidade de Manitoba, no Canadá; e Mauro Lovecchio, empresário italiano. Suas contribuições revelam as fragilidades da abordagem unilateral dos EUA e os efeitos colaterais da guerra tarifária sobre a economia global.
A escalada tarifária e a resposta chinesa
Warwick Powell contextualiza o início da nova ofensiva comercial dos EUA em 2 de abril de 2025, quando o governo norte-americano impôs tarifas generalizadas que, em poucos dias, foram suspensas para todos os países — com exceção da China. “Muito em breve, as tarifas dos EUA sobre importações chinesas chegaram a 145%, enquanto a China impôs taxas de até 125% sobre produtos norte-americanos”, relata Powell.
A expectativa de Washington era de que a pressão tarifária forçaria a China a renegociar os termos do comércio internacional. No entanto, a resposta chinesa foi firme. “A China não mostrou sinais de ceder. Pelo contrário, continua fortalecendo laços com outros países para sustentar uma ordem comercial multilateral aberta”, afirma o professor, destacando a profunda transformação da estrutura econômica chinesa, agora baseada em investimento e consumo interno.
Segundo Powell, mais da metade do comércio exterior chinês em 2024 foi realizado com países da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI). Além disso, a mudança de foco do setor imobiliário para áreas como alta tecnologia, digitalização, robótica e inteligência artificial está impulsionando a nova fase de desenvolvimento chinês. “Os esforços americanos para restringir o o da China a semicondutores não levaram ao colapso tecnológico esperado, mas ao florescimento da inovação no país.”
Perda de credibilidade internacional
Radhika Desai, por sua vez, considera que a guerra comercial jamais teve como real objetivo proteger empregos ou revitalizar a indústria norte-americana. “Ela foi pensada para conter o avanço industrial e tecnológico da China. Mas era inevitável que resultasse em inflação e perda de padrão de vida para os norte-americanos”, afirma.
A professora aponta ainda que aliados tradicionais dos Estados Unidos têm manifestado desconforto com a nova onda de medidas coercitivas. “A Comissão Europeia já reagiu negativamente à ofensiva tarifária de Washington, e o governo britânico reconhece que seria ‘muito tolo’ não se engajar com a China, a segunda maior economia do mundo.”
Sobre a tentativa de reaproximação por parte dos EUA, Desai destaca a postura intransigente da China: “Pequim é clara: sem respeito, não há retirada de tarifas e nem sequer uma ligação telefônica”. Para ela, a volatilidade das ações norte-americanas mina sua influência global: “Enquanto os EUA afundam em irrelevância econômica, a China se consolida como líder em busca de um sistema internacional estável e equilibrado”.
A visão europeia: autonomia e pragmatismo
Mauro Lovecchio oferece uma leitura europeia da atual conjuntura. Segundo ele, a nova ofensiva dos EUA reproduz erros do ado. “Já vimos isso antes: tarifas, sanções e restrições de investimentos que não geram resultados duradouros e penalizam consumidores e cadeias de suprimento globais”, aponta.
Lovecchio ressalta que Washington não apenas ataca a China, mas também impõe pressão sobre seus aliados. “As tarifas sobre aço e alumínio voltaram, empresas europeias de tecnologia enfrentam regras de exportação rígidas e lideranças americanas fazem declarações que soam mais como insultos do que divergências políticas.”
Para o empresário italiano, a expectativa de submissão automática dos aliados à estratégia norte-americana está ultraada. “A Europa busca hoje diversificação de parceiros e maior autonomia estratégica. Influência duradoura não se constrói com pressão, mas com cooperação e respeito a interesses comuns”, afirma.
Um ime que isola os Estados Unidos
A análise publicada pelo Global Times reforça a percepção de que os Estados Unidos estão cada vez mais isolados em sua tentativa de conter a ascensão da China por meio de medidas coercitivas. Enquanto Pequim consolida sua resiliência econômica e avança com alianças multilaterais, Washington aprofunda um ciclo de confrontos que compromete seus próprios interesses e debilita a ordem econômica global que ajudou a construir.
O editorial sugere que, ao insistir em uma estratégia unilateral e punitiva, os Estados Unidos correm o risco de acelerar a transição da liderança econômica global para o Oriente — e de comprometer, de forma irreversível, sua própria relevância no cenário internacional.
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