Irã reafirma compromisso com a diplomacia às vésperas de nova rodada de negociações com os EUA
Porta-voz iraniano diz que paz duradoura só virá pelo diálogo e critica o uso da força como solução
247 - O Irã voltou a defender a via diplomática para solucionar os imes com os Estados Unidos, destacando a disposição do país em buscar um novo acordo nuclear. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (18) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, por meio de uma publicação na plataforma X. A matéria original foi publicada pela agência estatal iraniana IRNA.
“A República Islâmica do Irã sempre demonstrou, com boa fé e senso de responsabilidade, seu comprometimento com a diplomacia como uma forma civilizada de resolver problemas, respeitando plenamente os mais altos interesses da nação iraniana”, afirmou Baqai.
A declaração foi dada na véspera da segunda rodada de negociações indiretas com os EUA, que será realizada neste sábado, em Roma, na Itália. As tratativas contam com a mediação do chanceler de Omã, Badr al-Busaidi, e têm como objetivo reativar o diálogo nuclear entre Teerã e Washington, com vistas à formulação de um novo acordo que possa substituir o Plano de Ação Abrangente Conjunto (JOA), firmado em 2015 e abandonado unilateralmente pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em 2018.
Baqai reconheceu que as conversas não serão fáceis, mas afirmou que o Irã atuará “com a mente aberta” e com base na “experiência anterior”. O diplomata também voltou a alertar sobre o risco do uso da força por parte de atores externos: “A paz duradoura surge do diálogo sincero entre as nações, não da imposição da força”, declarou.
Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araqchi, embarcou na noite de sexta-feira para Roma, onde representará o Irã nas negociações. Araqchi também criticou as exigências de Washington, afirmando que “chegar a um acordo é possível se os EUA deixarem de lado suas demandas irrealistas”.
Araqchi esteve recentemente em Moscou, onde se reuniu com autoridades russas para alinhar posições antes do encontro em Roma. As críticas do chanceler iraniano se intensificaram após declarações do enviado dos EUA para a Ásia Ocidental, Steve Witkoff, que demonstrou posições divergentes ao longo da semana. Inicialmente, Witkoff não exigiu o fim completo do programa nuclear iraniano — reconhecido como pacífico por Teerã —, mas depois ou a considerar a eliminação total do enriquecimento de urânio e das supostas capacidades armamentistas como condição prévia para um eventual acordo.
Em resposta, o Irã rejeitou categoricamente a inclusão de temas como o enriquecimento de urânio e suas capacidades de defesa no escopo das negociações. Para Teerã, tais assuntos dizem respeito à soberania e à segurança nacional e não devem ser objeto de concessões.
A posição firme das autoridades iranianas evidencia o ceticismo de Teerã diante da abordagem contraditória de Washington. A oscilação nas falas do enviado norte-americano é vista como um risco à estabilidade e à eficácia das negociações, que ocorrem em meio a um contexto geopolítico tenso e instável no Oriente Médio.
Com o apoio da mediação omanita e de articulações diplomáticas com países como a Rússia, o Irã tenta garantir que os próximos os rumo a um novo acordo nuclear estejam firmemente ancorados no respeito mútuo e na preservação da soberania nacional. Enquanto isso, o mundo observa com atenção os desdobramentos da nova rodada de negociações em Roma, cuja importância transcende o contencioso nuclear e impacta diretamente os rumos da segurança e da diplomacia internacional.
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