Lee Jae-myung toma posse na Coreia do Sul prometendo reconstruir democracia após tentativa de golpe
A posse de Lee Jae-myung marca o início de uma nova fase democrática para a Coreia do Sul
247 - Empossado nesta quarta-feira (4), o novo presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, assumiu o cargo com uma promessa contundente: reerguer a democracia do país após o que classificou como sua “quase extinção” durante a fracassada tentativa de imposição de uma lei marcial pelo governo anterior.
Reportagem da Reuters destaca que Lee, líder liberal e ex-governador da província de Gyeonggi, venceu as eleições antecipadas com 49,42% dos votos, derrotando o conservador Kim Moon-soo, que obteve 41,15%. A eleição extraordinária foi convocada após a destituição de Yoon Suk-yeol, afastado apenas três anos depois de assumir a presidência, em meio a uma grave crise política provocada pela tentativa de golpe militar.
Em seu discurso de posse, realizado no Parlamento — o mesmo local onde, seis meses antes, escalou o muro do prédio para impedir o cerco das forças militares — Lee foi enfático: "Um governo Lee Jae-myung será um governo pragmático e pró-mercado."Ele também se comprometeu com a desregulamentação para estimular a inovação e o crescimento dos negócios, além de defender uma reaproximação com a Coreia do Norte.
"É melhor vencer sem lutar do que vencer em uma luta, e a paz sem necessidade de lutar é a melhor segurança", declarou, sinalizando uma abordagem diplomática para lidar com os conflitos intercoreanos.
A eleição teve o maior comparecimento desde 1997, com quase 35 milhões de eleitores indo às urnas. A Comissão Eleitoral Nacional confirmou o resultado e Lee assumiu imediatamente os poderes presidenciais, recebendo o primeiro relatório oficial sobre a postura de defesa das Forças Armadas.
A economia é um dos principais desafios do novo governo. O país enfrenta estagnação, inflação e dificuldades causadas por políticas protecionistas adotadas por parceiros comerciais — em especial os Estados Unidos, liderados por Donald Trump. Lee afirmou que agirá desde o primeiro dia para enfrentar os efeitos do custo de vida sobre as famílias e as pequenas empresas.
"Com a democracia viva, espero que o presidente revitalize a economia e tenha consideração pelos cidadãos carentes e pelos pequenos empresários", afirmou Kim Eun-kyung, moradora de Seul, de 58 anos, à Reuters.
Logo após sua posse, os mercados reagiram positivamente. O índice sul-coreano KOSPI subiu mais de 2%, alcançando seu maior nível em 10 meses, puxado por ganhos no setor financeiro e em ações de energia renovável — área que Lee pretende fortalecer por meio de uma transição energética sustentável.
Para ocupar o cargo de primeiro-ministro, Lee nomeou Kim Min-seok, parlamentar experiente, conhecido por ter antecipado a manobra autoritária do ex-presidente Yoon. A indicação de Kim sinaliza a tentativa de estabilizar rapidamente o novo governo e consolidar apoios institucionais.
No plano internacional, o presidente Lee enfrenta a difícil tarefa de renegociar tarifas impostas por Washington, especialmente sobre aço e automóveis — setores estratégicos para a economia sul-coreana. O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), dos EUA, alertou: "O presidente Lee terá pouco ou nenhum tempo de sobra antes de encarar a tarefa mais importante de sua presidência inicial: chegar a um acordo com Trump."
O presidente da China, Xi Jinping, enviou mensagem saudando o novo líder sul-coreano por sua posse. Apesar dos desafios, a Casa Branca considerou a eleição “livre e justa”, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, felicitou Lee, destacando que os dois países “compartilham um firme compromisso” com sua aliança baseada em valores democráticos.
No entanto, divergências podem surgir. Enquanto Washington tem elevado o tom contra a influência da China em países democráticos, Lee sinalizou uma abordagem mais pragmática, ao afirmar que pretende manter boas relações comerciais com Pequim. Ele evitou se posicionar claramente sobre o Estreito de Taiwan, mas garantiu que continuará os esforços diplomáticos com o Japão e manterá a aliança com os EUA como "espinha dorsal" da política externa sul-coreana.
A posse de Lee Jae-myung marca o início de uma nova fase para a Coreia do Sul — marcada por um renascimento democrático, desafios econômicos e redefinição de alianças estratégicas em um contexto global instável. Resta saber se o novo presidente conseguirá manter o delicado equilíbrio entre interesses internos e pressões externas, num momento em que o país tenta superar um de seus períodos mais turbulentos desde a redemocratização.
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