Lula com empresários exportadores de carne no Japão: ‘Nosso papel é abrir portas’
Presidente participa de reunião com integrantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, que almeja conquistar o mercado japonês
247 - Após ser recebido oficialmente pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako no Palácio Imperial, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira (25), de encontro com empresários brasileiros ligados à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). Na pauta, a tentativa de abrir o mercado japonês ao setor. Ao final da reunião, acompanhada por parte significativa da comitiva brasileira, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) falaram aos jornalistas.
“Vamos discutir muitos assuntos aqui e espero que a gente consiga convencer o Japão das coisas que o Brasil tem de bom para negociar. Tenho o interesse de, em todas as viagens que fizer, levar empresários, deputados, gente que possa vender. O presidente, o que ele faz é abrir a porta. Mas quem sabe fazer negócio são vocês, não o presidente nem o deputado”, frisou Lula, dirigindo-se aos representantes da ABIEC.
O presidente lembrou que, em 2011, o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a 17 bilhões de dólares. Hoje, está na casa dos 11 bilhões. “Significa que, de pronto, a gente tem seis bilhões para recuperar nessa visita”, afirmou Lula. “Obviamente que comércio exterior é via de duas mãos. A gente tem que vender e a gente tem que comprar”.
Etanol
Lula adiantou que a missão também busca ampliar negócios com o Japão em setores estratégicos, como o aeronáutico e o ligado à transição energética. “Nós estamos percebendo o crescimento da transição energética com o hidrogênio verde, com energia limpa, e o Brasil está dando um salto de qualidade na questão do etanol. A gente está pensando em elevar para 30% a mistura, tanto da gasolina quanto do biodiesel, e vamos conversar com o primeiro-ministro (do Japão, Shigeru Ishiba). Se o Japão usar 10% de etanol na gasolina, é um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, ressaltou o presidente Lula, lembrando que nesta quarta haverá um encontro com centenas de empresários dos dois países.
“Não é só que a gente quer vender. Se tiver empresários japoneses que queiram fazer investimento no Brasil, em todas as regiões, eles podem fazer com que a gente mude efetivamente a matriz energética. Acho que o Brasil pode contribuir decisivamente para que o mundo diminua o uso de combustível fóssil e comece a introduzir um comércio mais limpo, para que a gente possa conquistar a credibilidade de ser o país que mais tem uma produção de baixo carbono”, prosseguiu.
Ampliação
Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o objetivo da reunião com a ABIEC é avançar na abertura do mercado junto ao Japão, principalmente de carne bovina brasileira. “Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O ajuste nos protocolos sanitários de aves e o reconhecimento do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação para mais alguns estados amplia também o mercado de carnes suínas, muito importante, porque o Brasil é competitivo”, ressaltou Fávaro. Ele lembrou que o processo de negociação para exportar a carne bovina brasileira para o Japão vem sendo conduzido há mais de 20 anos. “O último protocolo já está há cinco anos sendo debatido. A gente vai trabalhar para que caminhe agora para a finalização e abertura deste mercado importante. Isso vai garantir mais competitividade aos nossos empresários e fazer com que a carne brasileira ganhe espaço no mundo e seja mais competitiva no mercado interno”, prosseguiu o ministro.
Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O último protocolo já está há cinco anos sendo debatido. A gente vai trabalhar para que caminhe agora para a finalização e abertura deste mercado importante
Fávaro lembrou que nos últimos dois anos o Brasil abriu 344 novos mercados em todo o mundo para produtos do agro brasileiro e que o trabalho segue ativo. “É um recorde absoluto de todos os tempos, mostrando que o Brasil atingiu um patamar de segurança alimentar para o mundo. Em qualquer crise alimentar e sanitária, o Brasil consegue ser suprimento para todos os países”.
Outro diferencial brasileiro destacado por Carlos Fávaro é o trabalho para impedir a chegada da gripe aviária. “A gripe aviária tomou conta de todos os continentes e o Brasil é um dos pouquíssimos países que não tem gripe aviária nos plantéis comerciais, garantindo o suplemento de quase 40% da carne de frango consumida no mundo, com qualidade, segurança e preços competitivos”.
Logística
Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, um dos pontos fortes para a expansão da capacidade de exportação do Brasil a pelo fortalecimento da estrutura logística. “Nós, ministros da área de infraestrutura, estamos aqui para dizer que toda essa transformação do setor produtivo precisa ter condições logísticas para exportar. E a grande pergunta é: o Brasil tem ou não? Claro que tem! A gente exporta muito mais barato do que outros países. Enquanto o Brasil tem um custo para produzir uma arroba de carne e exportar a 55 dólares, os Estados Unidos têm custo superior a 100 dólares”, pontuou Renan Filho. “Se é importante quem exporta energia, quem exporta minério, imagina quem tem capacidade de exportar o que as pessoas comem. E essa é a potência do Brasil para além de todas as outras, uma potência ambiental, uma democracia sólida, reconhecida internacionalmente”, concluiu o ministro.
Escoamento da produção
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho citou exemplos que indicam o fortalecimento da infraestrutura nacional com impacto na capacidade exportadora. “O Brasil, na década de 80 e 90, tinha praticamente 50% do escoamento da produção pelo Porto de Santos. Hoje, estamos em torno de 30% e queremos diminuir cada vez mais para que a gente possa ampliar a logística nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, para que a gente possa fazer um grande plano nacional de escoamento da produção do país”.
O ministro também citou avanços no setor portuário. “No ano de 2024, tivemos um crescimento de 5%. O setor de contêineres registrou o maior volume de movimentação da história, com crescimento de quase 18%. Estamos ampliando investimentos para que a gente possa fazer o melhor escoamento da produção, que vai desde uma ferrovia, de uma estrada, de uma hidrovia ao porto, para que a gente possa dar condições estruturais a esses novos mercados”, destacou.
Confiança
Falando em nome dos produtores, o empresário Renato Costa mostrou-se confiante no resultado do trabalho realizado pelo Governo Federal nesta viagem. “(O Japão) é um mercado importante, o terceiro maior importador. Vejo que é bom para a indústria, para o produtor, para o país. Estamos sim bastante confiantes”, concluiu.
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