Papa Leão XIV pede cessar-fogo em Gaza e negociações de paz na Ucrânia

247 - Durante sua primeira oração dominical como líder da Igreja Católica, o papa Leão XIV fez um forte apelo pela paz mundial, com foco especial em três zonas de conflito: Ucrânia, Faixa de Gaza e a fronteira entre Índia e Paquistão. Diante de uma multidão reunida na Praça São Pedro, no Vaticano, neste domingo (11), o pontífice norte-americano — o primeiro da história — clamou pelo fim das guerras e pela libertação de todos os reféns em poder do Hamas. As declarações foram divulgadas originalmente pela Santa Sé e repercutidas por veículos internacionais como o jornal peruano La República.

“No cenário dramático de uma Terceira Guerra Mundial fragmentada, como várias vezes afirmou o papa Francisco, eu também gostaria de me dirigir às autoridades do mundo, repetindo um apelo sempre atual: guerra nunca mais”, disse Leão XIV, emocionado, da sacada do Balcão das Bênçãos, ao meio-dia no horário de Roma (7h em Brasília). A oração Regina Caeli, dedicada à Virgem Maria, substitui o Angelus durante o período pascal e durou cerca de 12 minutos — nos quais a palavra “paz” foi repetida dez vezes.

Em tom firme, o papa expressou solidariedade ao povo ucraniano e pediu esforços para se alcançar uma “paz autêntica, justa e duradoura”. “Carrego no coração o sofrimento do amado povo ucraniano. Que todos os prisioneiros sejam libertados e que as crianças sejam devolvidas às suas famílias”, declarou.

Leão XIV também se disse “profundamente triste” com a situação na Faixa de Gaza. Horas antes de sua fala, um ataque israelense havia matado dez pessoas, incluindo quatro menores, em Khan Yunis. “Que haja cessar-fogo imediato, que seja oferecida ajuda humanitária à sofrida população civil e que sejam libertados todos os reféns”, pediu.

Ao citar a trégua entre Índia e Paquistão, o pontífice demonstrou esperança: “Quantos outros conflitos existem no mundo? Confio à Rainha da Paz esse meu apelo, para que ela o apresente ao senhor Jesus para obter o milagre da paz.”

Durante a oração, o papa também lembrou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, que matou cerca de 60 milhões de pessoas, e relacionou o atual momento do mundo àquele período sombrio da história. O apelo à paz, segundo ele, é mais necessário do que nunca diante de conflitos simultâneos que fragmentam o planeta.

Celebrações e simbolismos

No sábado, Leão XIV visitou um santuário nos arredores de Roma e rezou diante do túmulo de seu antecessor, Francisco, na Basílica de Santa Maria Maggiore. Na sexta-feira (9), ele havia celebrado sua primeira missa na Capela Sistina, em cerimônia privada com os cardeais que o elegeram. Durante a celebração, homenageou São Pedro, considerado o primeiro papa da Igreja, e afirmou: “Espero trazer luz às noites escuras deste mundo.”

Neste domingo, também fez uma homenagem às mães, em celebração à data comemorativa em muitos países: “Mando uma querida saudação a todas as mães, por elas e por aquelas que já estão no céu: feliz Dia das Mães a todas as mães.”

O novo papa e suas raízes

Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, o novo pontífice tem 69 anos, pertence à ordem dos agostinianos e é considerado próximo ao papa Francisco por sua orientação progressista e compromisso com causas sociais. Leão XIV também possui cidadania peruana, conquistada após anos de missão no país. Em 2015, foi nomeado bispo da cidade de Chiclayo, no norte do Peru, onde trabalhou com comunidades carentes, segundo o La República.

Ao explicar a escolha de seu nome papal, Leão XIV revelou inspiração no papa Leão XIII, que enfrentou os desafios da Revolução Industrial e buscou respostas sociais para as mudanças de seu tempo. “Hoje, vivemos uma revolução digital que reduz postos de trabalho e acentua desigualdades. Quero que este nome também seja um compromisso com as questões sociais do nosso tempo”, afirmou o pontífice durante um jantar com cardeais logo após sua eleição.