Por que a diplomacia chinesa evita ligações apressadas com os EUA
Diferentemente do estilo espontâneo de Trump, a diplomacia chinesa opera de forma mais estruturada e estratégica, relatam os meios locais
247 - Donald Trump tem enviado sinais contraditórios sobre uma possível conversa com Xi Jinping, mas a aparente hesitação de Pequim pode estar menos relacionada ao presidente dos EUA e mais à própria forma como a diplomacia chinesa funciona, conforme relatado em reportagem do South China Morning Post (SCMP) desta quinta-feira (6).
Enquanto Trump sugeriu no início da semana que poderia falar com Xi “nas próximas 24 horas”, logo depois afirmou estar “sem pressa” para a conversa. A Casa Branca confirmou que um telefonema entre os líderes ainda não foi agendado, apesar de Pequim ter demonstrado interesse em uma negociação. Mas, para a liderança chinesa, uma ligação desse nível não acontece de maneira improvisada.
Diferentemente do estilo espontâneo de Trump, a diplomacia chinesa opera de forma mais estruturada e estratégica, relatam os meios locais. Como explicou Pang Zhongying, pesquisador do ISEAS-Yusof Ishak Institute, ao SCMP, “para outros líderes pode não haver problema, mas no caso da China, uma ligação não é algo simples.”
Ao contrário dos Estados Unidos, onde telefonemas presidenciais podem ser usados para gestos políticos imediatos, a China costuma planejar mais cuidadosamente cada interação desse tipo. Telefonemas entre chefes de Estado exigem preparação detalhada, com alinhamento interno e objetivos claros previamente estabelecidos.
No atual contexto da guerra comercial, Pequim parece interessada em negociações, mas sem se apressar em reagir ao estilo errático de Trump. Nesta semana, as tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas entraram em vigor nos EUA, e Pequim respondeu de forma calculada, impondo taxas sobre produtos americanos e alertando empresas como o Google sobre possíveis sanções.
O Fundo Monetário Internacional alertou que a escalada protecionista pode prejudicar investimentos globais, enquanto analistas apontam que a resposta da China foi moderada, indicando que Pequim busca manter espaço para uma possível negociação.
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