Restrição chinesa a minerais estratégicos ameaça montadoras e setores militares
Decisão de Pequim afeta produção de veículos, drones e armamentos e amplia tensão com o governo Trump
247 - A crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos ganhou um novo capítulo com a suspensão das exportações de ligas metálicas e ímãs de terras raras por Pequim, medida que já provoca reação em cadeia entre montadoras e governos ao redor do mundo.
Segundo a agência Reuters, a decisão anunciada em abril acendeu o sinal de alerta em empresas automotivas da Europa, Ásia e dos EUA, que agora pressionam autoridades chinesas para evitar interrupções nas linhas de produção.
A medida da China, vista como um contra-ataque à política tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afeta diretamente setores estratégicos como o de veículos elétricos, aeroespacial, semicondutores e defesa. Com a paralisação nos portos e a incerteza sobre o novo regime regulatório em formulação pelo governo chinês, empresas já relatam impactos iminentes.
“Se a situação não mudar rapidamente, atrasos e até mesmo paralisações de produção não poderão mais ser descartados”, alertou Hildegard Mueller, presidente da associação da indústria automotiva da Alemanha. Fabricantes alemães, assim como empresas indianas e japonesas, afirmam que as restrições de exportação colocam em risco não apenas fábricas, mas economias locais inteiras.
A escassez atinge em cheio os ímãs de terras raras, componentes indispensáveis em carros, drones, robôs, sistemas de propulsão e armamentos. Muitos embarques foram interrompidos, e interlocutores relatam que o futuro envio a determinadas empresas poderá ser permanentemente vetado – especialmente no caso de fornecimento para a indústria militar norte-americana.
Frank Fannon, ex-subsecretário de Estado para recursos energéticos dos EUA durante o primeiro mandato de Trump, considera que a situação era previsível: “Não acho que alguém devesse se surpreender com o que está acontecendo. Temos um problema de produção interna e precisamos de uma resposta coordenada do governo para garantir o o a esses recursos. O prazo para isso era ontem”.
Em maio, a Aliança para Inovação Automotiva – que representa fabricantes como General Motors, Toyota, Volkswagen e Hyundai – enviou carta ao governo Trump expressando preocupação com a dependência dos insumos chineses. “Sem o confiável a esses elementos e ímãs, os fornecedores automotivos não conseguirão produzir componentes críticos como transmissões automáticas, motores, sensores, sistemas de direção, câmeras e luzes”, alertou o grupo.
Além da Alemanha, Japão e Índia intensificaram contatos com Pequim. Diplomatas europeus buscaram encontros “em caráter de emergência” nas últimas semanas, enquanto uma delegação empresarial japonesa se prepara para viajar à China no início de junho. A Índia, por sua vez, está organizando visitas de executivos do setor automotivo para pressionar pela liberação dos materiais.
As ações do governo chinês ocorrem em meio a uma escalada nas disputas comerciais entre as duas potências. Após adotar tarifas que chegaram a 145% sobre produtos chineses, Trump recuou parcialmente diante da reação negativa dos mercados financeiros. Ainda assim, Pequim tem usado sua posição dominante no fornecimento de minerais estratégicos como instrumento de pressão no embate com Washington. A expectativa é que o tema esteja entre os principais pontos da agenda em possível diálogo entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping nesta semana.
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