Restrição dos EUA à exportação de microchip da Nvidia à China prejudica suas próprias empresas, diz analista
Fabricante Nvidia avalia como agir no mercado chinês após EUA 'bloquearem efetivamente' vendas do chip H20 à China
247 - A Nvidia está reavaliando sua estratégia para o mercado chinês após o governo dos Estados Unidos impor restrições à venda do chip Hopper H20 no país asiático. No entanto, a empresa não lançará outra versão da série Hopper, afirmou o CEO da Nvidia, Jensen Huang, no sábado (17). A reportagem é do Global Times.
Questionado sobre qual seria o próximo chip da empresa voltado ao mercado chinês após o H20, Huang respondeu: “Não será da linha Hopper, porque não é mais possível modificar o Hopper”, disse ele durante uma transmissão ao vivo da Formosa TV, emissora da ilha de Taiwan, conforme relatado pela Reuters.
O H20, até então o chip de inteligência artificial mais avançado da Nvidia autorizado para venda na China, foi efetivamente barrado do mercado após autoridades norte-americanas informarem à empresa no mês ado que o produto aria a exigir uma licença de exportação. O H20 havia sido lançado após os EUA endurecerem os controles de exportação em outubro de 2023, de acordo com a Reuters.
O Global Times tentou confirmar com a Nvidia se ainda é possível comercializar o H20 na China, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.
A Reuters havia informado no início deste mês que a Nvidia planeja lançar uma versão rebaixada do H20 para o mercado chinês nos próximos dois meses, como forma de manter as vendas no país.
O CEO da Nvidia tem reiterado que a China é um mercado essencial para o crescimento da empresa. Em seu ano fiscal encerrado em 26 de janeiro, a China gerou 17 bilhões de dólares em receitas para a companhia, o que representou 13% das vendas totais da Nvidia, segundo a Reuters.
No entanto, os EUA têm intensificado suas restrições às exportações de chips para a China por meio de diversas medidas. Um exemplo foi o “Marco para a Difusão da Inteligência Artificial”, publicado em janeiro, pouco antes do fim do governo do ex-presidente Joe Biden, que visava limitar a exportação de chips de IA para a maioria dos países, conforme noticiado pela Reuters.
Na semana ada, o Departamento de Comércio dos EUA, por meio do Bureau of Industry and Security (BIS), anunciou que iniciou a revogação da Regra de Difusão de IA da istração Biden, além de novas etapas para reforçar o controle de exportações de semicondutores globalmente. O BIS também informou que emitirá orientações apontando que o uso dos chips Ascend da empresa chinesa Huawei “em qualquer lugar do mundo” viola as normas de exportação dos EUA, alertando ainda para as “possíveis consequências” do uso de chips americanos de IA para treinamento e inferência de modelos chineses de inteligência artificial.
Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou em coletiva na sexta-feira que os EUA extrapolam o conceito de segurança nacional, abusam dos controles de exportação e da jurisdição extraterritorial, e bloqueiam de forma infundada e maliciosa a indústria de chips e IA da China, violando gravemente as regras de mercado, desestabilizando cadeias globais de produção e fornecimento, e prejudicando os direitos legítimos das empresas chinesas.
“A China se opõe firmemente a isso e absolutamente não aceita. Exortamos os EUA a abandonarem seus atos protecionistas e o bullying unilateral, e a cessarem a repressão absurda às empresas tecnológicas chinesas e à indústria de IA. A China tomará medidas firmes para defender seu direito ao desenvolvimento e os direitos e interesses legítimos de suas empresas”, afirmou Lin.
O especialista em telecomunicações Xiang Ligang declarou ao Global Times, neste domingo (18), que o endurecimento contínuo da política de exportação de chips de alto desempenho para a China, sob o pretexto da “segurança nacional”, é um exemplo evidente de intervenção istrativa excessiva no mercado.
Ele afirmou que tais controles prejudicam os próprios interesses das empresas norte-americanas. “Substituir a concorrência de mercado por intervenção istrativa acabará por minar a competitividade global das empresas dos EUA, sem realmente conter o avanço tecnológico da China no longo prazo, como pretendem”, disse Xiang.
Ma Jihua, veterano especialista do setor de telecomunicações, também afirmou ao Global Times, neste domingo, que “a pressão implacável do governo dos EUA sobre empresas para restringir a exportação de chips para a China, com o objetivo de sufocar o desenvolvimento da IA chinesa e preservar sua hegemonia tecnológica, é um pensamento puramente de soma zero. Isso não apenas prejudica as empresas americanas, como também afeta o progresso da IA global e mina a prosperidade tecnológica mundial”.
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