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      Secretário-Geral da CNBB diz que imigração será prioridade para o próximo Papa

      Dom Ricardo Hoepers, da CNBB, afirma que o novo pontífice deverá manter o compromisso com os migrantes e com os pobres

      Dom Ricardo Hoepers, Secretário-Geral da CNBB (Foto: Arquidiocese de Brasília)
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      247 - O  drama da migração, fenômeno global que escancara desigualdades e alimenta a ascensão de discursos extremistas, deve ocupar o centro da agenda do próximo Papa. A avaliação é de Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que afirma: “A questão dos imigrantes será a pauta número um do próximo Papa”.

      Em entrevista concedida ao jornal O Globo às vésperas do conclave que escolherá o sucessor de Francisco, Dom Ricardo enfatiza que a Igreja Católica não pode se distanciar dos dramas humanos, nem abandonar o compromisso com os mais pobres, os excluídos e os rejeitados. “Onde os dramas humanos gritam, a Igreja tem que estar presente”, diz.

      A herança de Francisco

      Durante mais de uma década à frente da Igreja, o Papa Francisco colocou no centro do debate temas sensíveis como imigração, pobreza, meio ambiente e desigualdade. Ele se tornou um símbolo de um catolicismo engajado socialmente e aberto ao diálogo. Sua visita à ilha italiana de Lampedusa, em 2013, marcada por um apelo contra a “globalização da indiferença”, ainda ecoa como um dos gestos mais simbólicos de seu pontificado.

      Para Dom Ricardo, o próximo pontífice deverá manter essa linha. “A Igreja repudia e sempre vai repudiar todo tipo de discriminação e de exclusão”, afirma. Ele rejeita a ideia de uma possível guinada conservadora sobre a questão migratória: “Nisso a Igreja não tem como voltar atrás”.

      Entre a tradição e a abertura

      Questionado sobre o perfil do futuro Papa — se será um nome com afinidade à visão progressista de Francisco ou uma figura mais conservadora —, o bispo evita dicotomias. “A Igreja, em mais de dois mil anos de história, tem tudo dentro dela. Cada Papa sabe quando avançar e quando conservar”, pondera. No entanto, ele destaca como avanço a presença cada vez maior de cardeais oriundos das periferias do mundo, o que, segundo ele, reforça a diversidade e amplia a responsabilidade do novo líder da Igreja.

      Fé e compromisso com os sofrimentos humanos

      As críticas que Francisco recebeu por seu envolvimento com pautas sociais — acusando-o de politizar a Igreja — são rebatidas por Dom Ricardo. Para ele, cuidar dos marginalizados é uma expressão autêntica do Evangelho. “O cuidado com o outro sempre fará parte da Igreja. Não se trata de ideologia. Trata-se de compromisso com quem está sofrendo”, defende. E acrescenta: “Não podemos nos omitir. Os imigrantes estão na pauta da Igreja porque somos nós que os acolhemos na base da sociedade”.

      Sobre o enfrentamento às correntes mais conservadoras dentro do próprio Vaticano, que resistem à abertura promovida pelo Concílio Vaticano II, Dom Ricardo é direto: “São grupos que têm força, mas representam uma visão puritana, acima das realidades humanas. A doutrina social da Igreja é riquíssima. Estamos aqui para dizer que há injustiças e que precisamos ser solidários”.

      Pontes, não muros

      O bispo também comentou a simbólica presença do ex-presidente norte-americano Donald Trump na primeira fila do funeral de Francisco, onde o cardeal decano Giovanni Battista Re repetiu uma das frases mais emblemáticas do Papa falecido: “É preciso construir pontes, não erguer muros”. Para Dom Ricardo, a mensagem foi clara e direta: “Para bom entendedor, meia palavra basta”.

      A crítica ao fechamento de fronteiras e ao recrudescimento de políticas anti-imigração é constante. A Igreja, segundo ele, não pode se calar diante de sistemas excludentes e estruturas de pecado. “Temos que fazer uma crítica ao sistema, aos partidos, às estruturas de corrupção e aos pecados do mundo. Quem não deseja isso está preso numa rede ideológica”, diz, citando o próprio Papa Francisco.

      Fidelidade ao Evangelho

      Mesmo diante de ataques, Francisco manteve firme sua missão pastoral. “Enquanto o chamavam de comunista, ele continuava visitando imigrantes, abraçando doentes, acolhendo moradores de rua. Nunca se deixou levar pelas críticas”, relata Dom Ricardo. Ele conclui: “Temos que viver o Evangelho, mesmo que sejamos rotulados. Ao resgatar o cuidado com o outro, Francisco voltou à essência do cristianismo”.

      Tradição em disputa

      A eventual retomada de práticas litúrgicas pré-conciliares, como a missa em latim com o padre de costas para os fiéis, é outro ponto de tensão. Para o secretário-geral da CNBB, a Igreja se abriu à língua do povo para estar mais próxima das pessoas. “Esse povo ultratradicionalista quer cuidar só das almas. Isso é um erro. Deus se fez carne, e tudo o que se refere à nossa natureza deve ser cuidado pela Igreja”, afirma.

      Enquanto o mundo assiste à definição do futuro da Igreja Católica, fica o recado claro da CNBB: o próximo Papa terá diante de si o desafio de manter viva uma Igreja comprometida com os que sofrem. E no topo dessa missão estará o enfrentamento ao drama dos imigrantes, uma chaga do século XXI que desafia a consciência moral da humanidade.

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