Starmer diz que Europa está em encruzilhada histórica e defende apoio à Ucrânia para guerra contra a Rússia
Após cúpula de defesa em Londres, premiê britânico reforça coalizão para intensificar conflito contra Moscou enquanto Ucrânia segue como bucha de canhão
247 – O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que a Europa está “em uma encruzilhada histórica” e deve agir para garantir o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia. A declaração foi feita após uma cúpula de defesa realizada em Londres, que reuniu líderes europeus, além de representantes do Canadá e da Turquia. A informação foi publicada pelo The Guardian.
Durante o encontro, Starmer anunciou um acordo que permitirá à Ucrânia utilizar 1,6 bilhão de libras em financiamento para exportação, destinado à compra de mais de 5 mil mísseis de defesa aérea fabricados pela empresa Thales, em Belfast. Segundo o premiê, além de fortalecer o arsenal militar ucraniano, o contrato também gerará empregos no Reino Unido como parte da estratégia do governo para impulsionar o crescimento econômico.
A reunião ganhou ainda mais urgência após o encontro fracassado entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e Donald Trump na Casa Branca. Segundo relatos, Trump e seu vice, JD Vance, repreenderam Zelensky em frente às câmeras, aprofundando o mal-estar entre Washington e Kyiv. Diante desse cenário, a cúpula em Londres se tornou um ponto central na tentativa europeia de coordenar uma resposta unificada ao conflito e lidar com o crescente distanciamento dos Estados Unidos.
Coalizão reforça guerra por procuração contra a Rússia
Em entrevista coletiva após o evento, Starmer destacou que Reino Unido e outras nações europeias estão dispostas a colocar “botas no chão e aviões no ar” para garantir que a guerra continue. “É hora de dar um o à frente, liderar e nos unirmos em torno de um novo plano para uma paz justa e duradoura”, afirmou. “Se você quer preservar a paz, deve estar preparado para defendê-la.”
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, classificou o encontro como “histórico”, embora Starmer não tenha conseguido obter promessas concretas de aumento de apoio militar por parte de outros membros da OTAN. No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que seguirá discutindo a necessidade de “rearmar a Europa”.
“Trata-se basicamente de transformar a Ucrânia em um porco-espinho de aço, impossível de ser engolido por qualquer invasor em potencial”, declarou von der Leyen.
A metáfora reforça a estratégia de guerra por procuração, na qual a Ucrânia segue sendo usada como linha de frente no confronto europeu contra a Rússia, enquanto os países da OTAN financiam o conflito sem envolver diretamente suas tropas.
Divergências com os EUA e ime militar
Starmer ressaltou que qualquer cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia precisará ser respaldado por garantias de apoio dos Estados Unidos. “Para ter sucesso, esse esforço deve contar com forte apoio dos EUA. Estamos trabalhando nisso após minha reunião com o presidente Trump na semana ada. Concordamos sobre a necessidade urgente de uma paz duradoura. Agora, precisamos agir juntos”, disse o premiê britânico.
No entanto, Trump tem resistido a qualquer compromisso militar direto para garantir a continuidade do conflito. Em vez disso, tem defendido um “amortecedor econômico”, sugerindo que investimentos privados em recursos minerais críticos ucranianos seriam suficientes para manter a estabilidade do país.
O governo britânico ainda tenta viabilizar essa proposta, enquanto busca convencer aliados a ampliar o financiamento militar direto. Como parte desse esforço, a chanceler Rachel Reeves deve um empréstimo de 2,3 bilhões de libras para que Kyiv compre mais armamentos, sendo pago com os lucros de ativos soberanos russos congelados sob sanções.
Europa intensifica esforços para prolongar a guerra
Após a cúpula, von der Leyen destacou que os líderes europeus reconhecem a necessidade urgente de rearmamento. “Precisamos nos preparar para o pior e, por isso, estamos reforçando nossas defesas”, afirmou.
Mark Rutte, secretário-geral da OTAN, reforçou que o bloco está aumentando seu apoio à Ucrânia e que os países europeus seguirão elevando seus orçamentos militares. O Reino Unido já havia anunciado que elevará seus gastos de defesa para 2,5% do PIB até 2027, com a meta de alcançar 3% posteriormente.
“O sucesso desse plano depende de uma base sólida de força. Cada nação deve contribuir da melhor forma possível, trazendo diferentes capacidades e apoios para a mesa, mas todas assumindo a responsabilidade de agir”, concluiu Starmer.
Enquanto os líderes ocidentais dobram a aposta na escalada do conflito, a Ucrânia segue no campo de batalha como bucha de canhão em uma guerra por procuração que favorece os interesses estratégicos dos europeus contra a Rússia.
Após o encontro em Londres, Zelensky seguiu para um encontro com o rei Charles III em Sandringham, em um gesto interpretado em Westminster como um reconhecimento da importância da Ucrânia para o Reino Unido – ainda que o país siga como peça descartável no tabuleiro geopolítico europeu.
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