Trump, no auge do poder, age rapidamente para "assumir o controle" de Washington

WASHINGTON, 25 de janeiro (Reuters) – Donald Trump está há cinco dias no cargo e já impôs sua vontade sobre Washington com uma velocidade e eficiência implacáveis, mostrando que até suas promessas de campanha mais radicais estavam longe de ser apenas bravata.

O presidente republicano deu os primeiros os para cumprir sua promessa de reformar a burocracia federal, que ele acredita ter sido hostil a ele durante seu mandato de 2017 a 2021, realocando ou demitindo centenas de funcionários públicos em movimentos simultâneos contra uma série de agências.

Ele enviou tropas à fronteira sul, demitiu o chefe da Guarda Costeira dos EUA e desafiou décadas de jurisprudência constitucional com uma série de ordens executivas abrangentes – 26 delas assinadas horas após assumir o cargo – que cobrem desde regulamentações ambientais até as regras de cidadania americana.

Talvez o movimento mais audacioso de todos tenha sido o perdão concedido a cerca de 1.500 apoiadores que participaram do ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, símbolo global da democracia americana.

Aliados de Trump compararam sua investida inicial de "choque e pavor" a uma operação de forças especiais, que pegou funcionários federais, sindicatos, grupos de defesa e até a mídia desprevenidos em seu alcance.

Eles creditam o trabalho meticuloso e de anos de aliados conservadores, que aram grande parte do tempo de Trump fora do cargo elaborando planos detalhados para permitir que ele começasse a governar imediatamente.

"Esta é a equipe de assalto assumindo o controle do governo federal", disse Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca durante o primeiro mandato de Trump e próximo a muitos de seus principais assessores políticos, à Reuters.

Os opositores de Trump afirmam que ele está distorcendo a Constituição dos EUA e expandindo os limites do poder executivo além do pretendido. Eles também dizem que seus primeiros movimentos mostram que ele está menos interessado em unir o país do que em transformá-lo radicalmente – e, em muitos casos, em se vingar.

Em uma de suas primeiras ações, Trump revogou as autorizações de segurança de dezenas de ex-funcionários de inteligência que atribuíram reportagens desfavoráveis sobre Hunter Biden, filho do ex-presidente Joe Biden, a uma operação de influência russa.

Trump também retirou os detalhes de segurança de três ex-funcionários de segurança nacional, mesmo diante de ameaças credíveis do Irã. Seus assessores ainda encontraram tempo para remover o retrato de um de seus críticos mais ferrenhos, o general Mark Milley, ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, de um corredor do Pentágono.

Ele limpou o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca de funcionários de carreira considerados insuficientemente leais ao presidente. A medida permite que ele nomeie aliados para mais de 100 cargos de segurança nacional.

"Ele claramente não é um homem que esquece suas mágoas facilmente", disse William Galston, pesquisador sênior da Brookings Institution, que trabalhou dentro e fora do governo por mais de 40 anos.

A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário sobre esta reportagem.

ANOS DE PREPARAÇÃO

Até os adversários de Trump dizem que os últimos cinco dias representam um contraste impressionante com seu primeiro mandato, quando conflitos internos e má preparação frustraram muitas de suas iniciativas políticas mais ambiciosas.

"Em termos de escopo e velocidade, sua equipe mostrou os resultados de uma preparação extraordinária", disse Timothy Naftali, historiador presidencial e ex-diretor da biblioteca presidencial de Nixon.

Muitas das políticas de Trump estão alinhadas com as defendidas pelo "Projeto 2025", um consórcio de organizações conservadoras que ou mais de dois anos elaborando políticas em antecipação ao possível retorno de Trump.

Trump se distanciou do projeto no ano ado, dizendo que não sabia nada sobre ele, embora muitos ex-assessores estivessem profundamente envolvidos. Mas sua influência na nova operação da Casa Branca é evidente.

O Projeto 2025 defendia a purga de funcionários de carreira no Conselho de Segurança Nacional. Outra política proposta pelo projeto que Trump já adotou é facilitar a demissão de centenas de milhares de funcionários públicos, criando uma nova categoria de trabalhador federal conhecida como "Categoria F".

Trump também propôs uma reforma da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) que delegaria muitas de suas funções aos estados, outra proposta do Projeto 2025.

"Houve pessoas dedicadas a políticas e política que acreditaram em Trump... e começaram a trabalhar imediatamente em 2021 para o retorno de Trump à Casa Branca", disse Bannon. "E é isso que você está vendo se concretizar."

O AUGE DO PODER?

A agenda de Trump enfrenta obstáculos à frente. Alguns apoiadores reconhecem que as primeiras semanas de seu governo podem representar o auge de seu poder.

Muitas de suas ordens executivas testam os limites da lei constitucional. Uma ordem para acabar com a cidadania por nascimento – uma doutrina constitucional que determina que quase todos os nascidos nos EUA são automaticamente cidadãos – já foi suspensa por um tribunal federal.

Várias outras promessas e ordens enfrentaram imediatamente ações judiciais de estados e organizações de defesa, e o "choque e pavor" de sua primeira semana pode se perder em litígios que durarão boa parte de seu mandato.

Trump pode enfrentar dificuldades para manter a estreita maioria republicana na Câmara dos Representantes em dois anos. O partido do presidente em exercício geralmente perde assentos nas eleições intermediárias. Se isso acontecer, o já estreito caminho legislativo de Trump pode se fechar completamente.

"Trump tem um mandato decisivo dos eleitores americanos para trazer reformas dramáticas a Washington", disse Mike Davis, um assessor próximo de Trump em questões judiciais.

"Esse mandato político desaparecerá se ele não entregar resultados – e entregá-los rapidamente."