UE reage à escalada tarifária de Trump e ameaça retaliação imediata
Bloco europeu lamenta aumento de tarifas sobre aço e alumínio e prepara contramedidas sobre US$ 119 bilhões em exportações americanas
247 - A União Europeia endureceu o tom contra os Estados Unidos nesta segunda feira (2), e alertou que poderá antecipar a adoção de tarifas retaliatórias, caso o presidente Donald Trump siga adiante com sua nova ameaça de impor tarifas de 50% sobre as importações de aço e alumínio. A informação foi publicada pela agência Bloomberg.
Em comunicado, a Comissão Europeia — responsável pelas negociações comerciais do bloco — afirmou “lamentar profundamente” o aumento da alíquota, que antes estava prevista em 25%, e advertiu que a medida compromete os esforços para uma solução negociada. “A comissão tem sido clara em todo momento sobre sua disposição de agir em defesa dos interesses da UE, protegendo nossos trabalhadores, consumidores e indústria”, declarou o porta-voz Olof Gill, em entrevista a jornalistas em Bruxelas.
O comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, tem encontro agendado para esta quarta-feira (5) em Paris com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. Enquanto isso, uma delegação técnica da Comissão já está a caminho de Washington para tentar avançar nas negociações.
A escalada no conflito comercial entre os dois aliados históricos intensificou-se após o anúncio do presidente Trump de que pretende tributar praticamente todas as importações vindas da UE com uma tarifa de 50%, caso não haja um novo acordo até 9 de julho. Segundo a Bloomberg, o republicano, que iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2025, acusa o bloco europeu de manter um superávit comercial injusto, especialmente devido a barreiras tarifárias e não tarifárias, como o imposto sobre valor agregado.
O governo Trump havia concordado anteriormente em adiar a imposição das tarifas sobre metais e sobre o setor automotivo — incluindo carros e autopeças — para dar espaço à construção de um possível pacto mais amplo. A UE, por sua vez, suspendeu medidas de retaliação enquanto as tratativas avançavam.
No entanto, diante da nova ofensiva tarifária dos EUA, Bruxelas ameaça agora ativar não apenas as tarifas já aprovadas sobre € 21 bilhões (US$ 24 bilhões) em bens norte-americanos, mas também um pacote adicional sobre outros € 95 bilhões (US$ 102 bilhões). Entre os produtos visados, estão desde itens agrícolas e motocicletas até aviões da Boeing, automóveis fabricados nos EUA e o tradicional bourbon americano.
Essas medidas retaliatórias têm como alvo Estados-chave nos EUA, com evidente sensibilidade política. Um exemplo citado é a taxação sobre a soja da Louisiana, estado natal do presidente da Câmara, Mike Johnson.
Apesar do tom firme, a Comissão Europeia insiste que sua prioridade continua sendo a negociação. “Caso não se alcance uma solução mutuamente aceitável, as contramedidas existentes e adicionais da UE entrarão automaticamente em vigor em 14 de julho ou antes, se as circunstâncias assim exigirem”, declarou Gill.
Segundo a Bloomberg, a estratégia de negociação da UE foca em setores considerados críticos, como semicondutores e produtos farmacêuticos, além de buscar simplificar barreiras regulatórias. Esses segmentos são justamente os mais expostos às tarifas atuais ou potenciais impostas pelos EUA. Em uma proposta apresentada aos norte-americanos na semana ada, o bloco europeu sugeriu ampliar a cooperação em tais áreas, tentando abrir espaço para uma solução de compromisso.
A insistência da Casa Branca em práticas comerciais unilaterais e em retóricas agressivas tem sido criticada por líderes europeus, que veem no protecionismo de Trump uma ameaça direta à ordem multilateral do comércio internacional — sistema no qual os EUA, por décadas, se colocaram como líderes.
Enquanto os dois lados intensificam suas movimentações diplomáticas e técnicas nas próximas semanas, o risco de um confronto tarifário total entre as duas maiores economias do mundo volta a ameaçar a estabilidade do comércio global.
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