União Europeia propõe sanções a bancos chineses por suposto apoio à Rússia
Medida mira duas instituições financeiras regionais da China; Pequim rejeita acusações e defende comércio com base em regras de mercado
247 - A União Europeia propôs sanções contra dois pequenos bancos chineses que teriam "facilitado o comércio" da Rússia à margem das restrições impostas pelo bloco europeu.
A informação foi divulgada pela Bloomberg, com base em documentos internos aos quais teve o. A proposta, que ainda requer aprovação unânime dos Estados-membros, compõe o 18º pacote de sanções da UE desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
Os bancos-alvo da medida, cujos nomes não foram revelados, estão sediados em regiões chinesas próximas à fronteira com a Rússia. Segundo os documentos, essas instituições teriam atuado processando transações e financiando exportações envolvidas em operações comerciais destinadas a burlar as sanções europeias. Ainda de acordo com os registros, algumas das instituições listadas também ofereceram serviços relacionados a criptoativos, o que teria contribuído para o esforço russo de evasão das restrições internacionais.
A Comissão Europeia, procurada pela Bloomberg, optou por não comentar o conteúdo dos documentos.
Pressão econômica ampliada
Além da inclusão dos dois bancos chineses, o novo pacote de medidas contempla a exclusão de mais de 20 bancos russos do sistema internacional de pagamentos SWIFT, reforça o bloqueio à chamada “frota sombra” de petroleiros da Rússia com a adição de cerca de 80 embarcações e prevê proibição total de transações com as instituições financeiras afetadas. No total, a lista de navios operando de maneira clandestina sob bandeira russa ultraaria 400 unidades.
Outra proposta relevante é a inclusão de mais empresas chinesas entre as já sancionadas por fornecerem peças e tecnologias de uso militar à Rússia. A China, segundo analistas, tornou-se uma peça-chave na sustentação da máquina de guerra russa, ao manter fluxos de insumos estratégicos para o setor de defesa de Moscou.
Apesar disso, o governo chinês nega envolvimento em qualquer apoio direto ao conflito. Em coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou: “A maioria dos países mantém relações comerciais com a Rússia. Interações e cooperação normais entre empresas chinesas e russas estão de acordo com as regras de mercado e da economia. Elas não têm como alvo terceiros e não devem ser afetadas por terceiros.”
Energia, tecnologia e criptomoedas no foco
Entre os pontos mais sensíveis do pacote está a proposta de impor sanções formais aos gasodutos Nord Stream, como forma de garantir que não voltem a operar no futuro. A medida reforça a estratégia europeia de reduzir a dependência energética da Rússia e limitar o uso de infraestrutura crítica controlada por Moscou.
O documento também sugere um novo teto de preço para o petróleo russo exportado, reduzindo o limite atual de US$ 60 para US$ 45 por barril — decisão que exigiria consenso dos líderes do G7, cuja próxima reunião está marcada para ocorrer no Canadá na próxima semana.
A Comissão Europeia ainda propôs barrar a importação de derivados de petróleo refinados com petróleo bruto russo em países terceiros, salvo quando provenientes de nações parceiras da UE. Paralelamente, aumentaria a lista de mercadorias sujeitas a restrição, incluindo máquinas e compostos químicos utilizados pela indústria bélica russa.
Objetivo declarado: pressionar por cessar-fogo
O pacote de sanções, que será submetido à deliberação dos Estados-membros antes da cúpula europeia marcada para 26 de junho em Bruxelas, busca aumentar o custo da guerra para o Kremlin. A estratégia da UE é endurecer as restrições econômicas com o intuito de forçar Moscou a negociar um cessar-fogo imediato e dar início a tratativas de paz com Kiev.
A proposta ocorre em um momento de desgaste prolongado do conflito e crescente pressão internacional por uma solução diplomática, embora as potências ocidentais continuem apostando na escalada de sanções como principal instrumento de contenção ao avanço militar russo.
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