União Europeia se movimenta para responder à guerra comercial de Trump

247 - A União Europeia se prepara para reagir à política agressiva de tarifas dos Estados Unidos. Segundo documento obtido pela Reuters, a Comissão Europeia propôs tarifas de 25% sobre uma série de produtos norte-americanos, incluindo soja, nozes e salsichas. Alguns itens emblemáticos, como o uísque bourbon, foram deixados de fora da lista por enquanto. “Mais cedo ou mais tarde, sentaremos à mesa de negociações com os EUA para encontrar um compromisso mutuamente aceitável”, afirmou o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic.

Em reação às recentes tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o aço e o alumínio europeus, a União Europeia (UE) ofereceu eliminar todas as tarifas sobre produtos industriais em um esforço para reduzir as tensões comerciais. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou a disposição do bloco para negociações visando a eliminação mútua dessas tarifas, embora, até o momento, a proposta não tenha sido bem recebida por Washington. ​

A estratégia europeia também inclui a diversificação das relações comerciais, com destaque para acordos recentes com México, Mercosul e Suíça, além de futuras negociações com Índia, Tailândia, Malásia e Indonésia. Essa abordagem visa reduzir a dependência do mercado norte-americano e fortalecer a posição da UE no comércio global. ​

O bloco europeu já sofre os efeitos das tarifas sobre automóveis e metais e se prepara para enfrentar uma nova rodada de tarifas de 20% a partir desta quarta-feira. Trump também ameaçou taxar bebidas alcoólicas produzidas na Europa, aumentando o receio de uma guerra comercial prolongada.

Nos Estados Unidos, as medidas de Trump têm dividido o setor empresarial. Enquanto alguns assessores insistem que a estratégia visa restaurar a base industrial do país, que teria se deteriorado após décadas de liberalização comercial, importantes nomes do mercado financeiro alertam para os riscos. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou que as tarifas podem ter “consequências negativas duradouras”. Já o gestor Bill Ackman falou em um possível “inverno nuclear econômico”.

Até mesmo aliados do presidente demonstraram preocupação. O bilionário Elon Musk, que lidera iniciativas para reduzir gastos do governo, defendeu publicamente a eliminação total das tarifas entre os EUA e a Europa. De acordo com o Washington Post, Musk chegou a apelar diretamente a Trump pela reversão das medidas. A resposta do assessor comercial Peter Navarro veio em tom irônico: ele classificou o empresário como um simples “montador de carros”.

A pressão também vem do próprio mercado financeiro, que aposta agora em uma possível redução da taxa de juros pelo Federal Reserve como resposta ao risco crescente de recessão. Trump reiterou seu apelo ao Fed para cortar os juros, mas o presidente da instituição, Jerome Powell, indicou que não pretende agir com pressa.

A estratégia da Casa Branca, segundo seus defensores, tem um objetivo claro: forçar outros países a renegociar acordos em termos mais favoráveis aos Estados Unidos. “Ele está dobrando a aposta em algo que sabe que funciona”, afirmou Kevin Hassett, economista da Casa Branca, em entrevista à Fox News. “Mas ele também está disposto a ouvir nossos parceiros comerciais e, se trouxerem bons acordos, certamente ele vai considerar.”

A grande dúvida que paira sobre líderes políticos e investidores é se as tarifas representam uma mudança estrutural e permanente na política externa dos EUA ou se são apenas uma tática de barganha temporária. Até lá, o cenário permanece volátil e imprevisível, com impactos reais sobre economias de todos os continentes.