Votação presidencial na Polônia testa se visão pró-UE resiste ao trumpismo
Eleitores poloneses vão às urnas neste domingo
(Reuters) – Os poloneses foram às urnas neste domingo para o primeiro turno das eleições presidenciais, que definirão se o país seguirá o caminho pró-europeu traçado pelo primeiro-ministro Donald Tusk ou se inclinará em direção ao nacionalismo representado por iradores do presidente dos EUA, Donald Trump.
O retorno de Trump ao poder tem energizado os eurocéticos em toda a Europa, e a votação deste domingo representa o maior teste à visão europeísta de Tusk desde que ele assumiu o governo em 2023, derrotando o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS).
A eleição opõe o prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, da Coalizão Cívica de Tusk, ao historiador conservador Karol Nawrocki, apoiado pelo PiS. Trzaskowski é apontado como favorito e deve enfrentar Nawrocki em um segundo turno em 1º de junho, caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos no primeiro turno. A votação termina às 21h (horário local) e as primeiras pesquisas de boca de urna são esperadas logo após o encerramento. Os resultados devem começar a ser divulgados ao longo da noite e na segunda-feira.
Também concorrem a ultradireita Slawomir Mentzen (partido Confederação), o presidente do Parlamento Szymon Holownia (centro-direita Polônia 2050) e Magdalena Biejat, da esquerda.
Segundo a agência estatal PAP, após votar em Gdańsk, Nawrocki incentivou todos os poloneses a participarem da eleição, afirmando que ela era importante porque “estamos moldando nosso futuro”. Trzaskowski, ao votar em Varsóvia, declarou que “toda eleição é uma celebração da democracia”.
A comissão eleitoral informou que a votação estava transcorrendo de forma tranquila.
O mensageiro Czeslaw Wegorek, de 64 anos, que votava na cidade portuária de Gdańsk, afirmou querer um presidente “focado no futuro da população, e não em mais brigas”. Já a moradora de Varsóvia Barbara Zurawska destacou que habitação para os jovens era sua principal preocupação: “Está muito difícil para os jovens. Eles moram com os pais por muito tempo, e é difícil conseguir um empréstimo e pagá-lo.”
Europa sob pressão
A votação na Polônia ocorre no mesmo dia do segundo turno da eleição presidencial na Romênia, onde o nacionalista George Simion, que faz campanha com o lema “Tornar a Romênia Grande Novamente”, enfrenta o prefeito centrista de Bucareste, Nicusor Dan.
Uma vitória de dois candidatos eurocéticos causaria forte impacto na União Europeia, que já enfrenta os desafios da invasão russa à vizinha Ucrânia e das tarifas impostas por Trump.
Na Polônia, o cargo de presidente possui poderes executivos limitados, mas pode vetar leis. Isso permitiu ao atual presidente, Andrzej Duda — aliado do PiS —, bloquear esforços de Tusk para reverter mudanças judiciais promovidas pelo PiS e que, segundo Tusk, enfraquecem a democracia.
Trzaskowski prometeu consolidar o papel da Polônia como ator central nas decisões da UE e trabalhar com o governo para revogar as reformas judiciais herdadas do PiS.
A campanha de Nawrocki sofreu abalo com denúncias de que ele teria enganado um idoso para comprar-lhe um apartamento em troca de cuidados que não prestou — acusação que ele nega. Ainda assim, Trump demonstrou apoio ao se reunir com ele na Casa Branca.
Nawrocki apresenta a eleição como uma oportunidade para impedir que Tusk concentre poder e para barrar os valores liberais representados por Trzaskowski, que, como prefeito de Varsóvia, apoiou marchas LGBT e ordenou a retirada de crucifixos cristãos de prédios públicos.
Diferente de outros eurocéticos da Europa Central, Nawrocki apoia a ajuda militar à Ucrânia contra a Rússia. No entanto, tem explorado o sentimento anti-ucraniano entre poloneses cansados do fluxo de refugiados.
Ele defende prioridade para cidadãos poloneses no o a serviços públicos e criticou a postura de Kiev em relação à exumação de poloneses assassinados por nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial.
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