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      “O Brasil defende o multilateralismo em tempos de crise global", diz Celso Amorim

      Em artigo publicado no Le Monde Diplomatique, Celso Amorim propõe nova arquitetura internacional para a paz e critica hegemonismo dos EUA

      Assessor especial da Presidência, Celso Amorim 15/08/2024 (Foto: REUTERS/Andressa Anholete)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O Brasil reafirmou sua vocação pacifista e seu compromisso com o multilateralismo em um momento de instabilidade crescente no cenário internacional. Em artigo publicado na edição de maio de 2025 do Le Monde Diplomatique, o embaixador Celso Amorim — assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa — traça um diagnóstico do colapso das estruturas multilaterais e apresenta as diretrizes da política externa do governo Lula para enfrentar esse novo ciclo de turbulências globais.

      Intitulado Le Brésil plaide pour le multilatéralisme (“O Brasil defende o multilateralismo”), o texto de Amorim foi escrito antes do recrudescimento da guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reeleito em 2024, mas antecipa com precisão a guinada protecionista e unilateral da potência norte-americana. “Na conferência de segurança de Munique, em 14 de fevereiro, o discurso do vice-presidente americano James David Vance desestabilizou a audiência. Os fundamentos da ordem multilateral estabelecida após a Segunda Guerra Mundial estão sendo agora questionados pela própria potência que os construiu”, escreve Amorim.

      Crítica à “superpotência ambivalente”

      A análise se apoia no diagnóstico do ex-secretário de Estado Henry Kissinger, que qualificava os Estados Unidos como uma “superpotência ambivalente”, oscilando entre um idealismo messiânico e o isolacionismo unilateral. Celso Amorim observa que, embora essa ambivalência sempre tenha existido, “jamais uma ruptura estratégica havia sido expressa com tanta clareza dentro da aliança ocidental quanto após a reeleição de Trump”.

      Essa inflexão tem implicações profundas, avalia o diplomata, pois enfraquece instituições que, apesar de imperfeitas, permitiram avanços civilizatórios relevantes. “Mesmo com limitações, o multilateralismo representou um progresso para a humanidade”, afirma.

      O papel do Brasil na construção da paz

      Amorim recorda que o Brasil, ao renunciar à posse de armas nucleares em 1990, firmou um pacto com a paz e com os instrumentos multilaterais. Ele também destaca a liderança brasileira na criação da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, em 1986, reunindo países da América do Sul e da África comprometidos com a não proliferação de armas de destruição em massa.

      “A paz é eixo prioritário da política externa brasileira”, reitera. Para o governo Lula, a integração regional da América do Sul deve ser construída sobre bases pacíficas e democráticas, distantes da lógica de confrontação entre blocos.

      Reforma da ONU e crítica à paralisia do Conselho de Segurança

      No entanto, Amorim não poupa críticas à atual configuração das instituições internacionais. “A legitimidade e a eficácia da ONU continuam gravemente comprometidas”, alerta. Ele aponta que a estrutura do Conselho de Segurança, herdada de 1945, está defasada e favorece intervenções militares por parte de membros permanentes, em desacordo com os princípios fundadores da organização.

      O embaixador defende uma ampla reforma da governança global, com maior representação dos países em desenvolvimento e a revitalização de fóruns multilaterais verdadeiramente inclusivos.

      Um apelo à responsabilidade internacional

      O artigo de Amorim propõe uma visão que contrasta com a atual ofensiva protecionista de Washington. “A persistência de conflitos não impediu a construção de mecanismos de resolução pacífica em áreas como o desarmamento nuclear, os direitos humanos, a saúde e o meio ambiente”, argumenta.

      Nesse sentido, o Brasil se apresenta como uma voz serena e coerente em favor da legalidade internacional, do diálogo e da cooperação entre os povos. A mensagem é clara: em tempos de retrocesso e unilateralismo, é preciso resgatar e reinventar o espírito multilateral — não como um ideal abstrato, mas como uma necessidade concreta para a estabilidade global.

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