Candidatura de Zema à Presidência nem empolga nem incomoda aliados de Bolsonaro
Avaliação é de que o governador não tem força fora de Minas Gerais
247 - O desejo do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de disputar a Presidência da República em 2026 tem sido tratado com frieza pelos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro (PL). Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, o entorno bolsonarista não considera o mineiro uma ameaça real para o projeto da direita nas próximas eleições presidenciais.
“Ele só venceu em Minas em 2018 porque estava no lugar certo e na hora certa e se reelegeu em 2022 em uma onda bolsonarista ainda maior”, afirmou um aliado de Jair Bolsonaro. A mesma fonte criticou o desempenho de Zema na campanha do segundo turno presidencial, em que Lula superou Bolsonaro no estado: “faltou empenho”.
Estratégia nacional sem benção de Bolsonaro - Zema pretende iniciar uma série de viagens pelo país a partir de setembro, com um discurso centrado em temas como segurança pública, controle da inflação, combate à corrupção, austeridade fiscal e defesa de valores cristãos. A comunicação será orientada por seu marqueteiro, Renato Pereira, com base em análises de opinião pública.
A ideia é disputar o Palácio do Planalto com ou sem o apoio de Bolsonaro — e, pelo que indicam os interlocutores do ex-presidente, essa aliança não acontecerá. Zema, portanto, deve enfrentar o desafio de se viabilizar politicamente de forma independente, algo considerado improvável por bolsonaristas.
Enquanto nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR) são vistos como candidatos viáveis e com capilaridade nacional, a candidatura de Zema é descrita como improvável. O principal motivo, segundo esses aliados, é a baixa expressão do partido Novo, que conta com apenas cinco deputados federais, um senador e 19 prefeituras em todo o país. Nas eleições municipais de 2024, a legenda teve um fundo eleitoral de R$ 37,1 milhões, muito aquém dos R$ 886,8 milhões do PL de Bolsonaro e dos R$ 619,8 milhões do PT do presidente Lula.
"Sem carisma" e a Minas - Para o entorno do ex-presidente, o governador de Minas Gerais não possui o carisma necessário para uma disputa nacional. “É muito regionalizado”, resume um dos aliados. A comparação com Caiado (União Brasil), governador de Goiás e outro nome que tenta se apresentar como opção da direita, é inevitável. “É um bom nome, mas infelizmente queimou a largada”, disse uma fonte bolsonarista ao avaliar a pré-candidatura de Caiado lançada a um ano e meio da eleição.
Do lado de Zema, no entanto, há quem sustente que ele é o nome mais apto a liderar a direita diante da inelegibilidade de Bolsonaro até 2030. Seus defensores argumentam que o capital político no segundo maior colégio eleitoral do Brasil é um ativo importante e que ele poderia ser a figura de consenso caso a direita busque uma alternativa unificada.
Polarização deve prevalecer - Mesmo diante da movimentação de governadores como Zema, Ratinho e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), os bolsonaristas acreditam que o cenário de 2026 continuará a ser marcado pela polarização entre direita e esquerda. “É a reunião dos ‘sem voto’. Não há espaço para o centro em 2026. O voto no Brasil é na esquerda ou na direita, e a polarização tem acentuado isso cada vez mais”, resumiu um interlocutor de Bolsonaro.
Para esses aliados, uma eventual fragmentação do campo conservador seria, na prática, uma boa notícia para o presidente Lula , ao enfraquecer as chances de um adversário competitivo à direita.
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