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      China e América Latina firmam a Declaração de Pequim e traçam novo rumo para parceria estratégica

      Documento sela compromissos políticos e econômicos entre o gigante asiático e países da região; Argentina se ausentou da plenária e não aderiu à declaração

      Presidente da China, Xi Jinping, discursa na abertura do Fórum China-CELAC, em Beijing (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
      Guilherme Paladino avatar
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      Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - O Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) chegou ao seu fim nesta terça-feira (13) com a publicação da Declaração de Pequim, documento político central da 4ª Reunião Ministerial realizada na capital chinesa. A nova carta simboliza um esforço articulado entre as duas regiões para consolidar um modelo de cooperação baseado em respeito mútuo, desenvolvimento soberano e multilateralismo inclusivo — numa conjuntura global marcada por tensões, disputas comerciais e crescente rivalidade geopolítica.

      O Fórum, que contou com a presença de líderes como Xi Jinping (China), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Gabriel Boric (Chile), foi descrito como o mais relevante encontro entre China e América Latina desde a criação do mecanismo de cooperação oficial entre os países, em 2015.

       “Naquela época, plantamos uma semente. Hoje ela cresceu e se tornou uma árvore frondosa”, disse Xi, em um discurso que combinou acento poético com compromissos concretos, como o lançamento de cinco programas estruturantes e a oferta de uma nova linha de crédito de US$ 9 bilhões à região.

      A Declaração de Pequim

      A Declaração de Pequim reafirma os princípios que orientam a relação entre China e CELAC: soberania, não interferência, paz, desenvolvimento sustentável e cooperação multilateral. O documento celebra os dez anos do fórum e destaca a transformação do mecanismo em uma das plataformas mais relevantes do Sul Global.

      A carta faz uma defesa contundente do direito ao desenvolvimento independente, da reforma do sistema de governança global, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, e da construção de uma ordem internacional mais justa e representativa, com maior protagonismo dos países latino-americanos e caribenhos.

      Entre os trechos de maior destaque, está a manifestação unânime dos países da CELAC (com exceção da Argentina, ausente do plenário) de que é chegada a hora de um latino-americano assumir a Secretaria-Geral das Nações Unidas, algo que até hoje só ocorreu uma vez na história.

      Além disso, os países da CELAC reiteraram seu apoio ao princípio de "Uma Só China", reconhecendo Taiwan como parte inalienável do território chinês — ponto sensível para Pequim nas disputas estratégicas com os Estados Unidos.

      Compromissos 

      A Declaração enfatiza a necessidade de reformar o sistema financeiro internacional, para que ele esteja mais alinhado às realidades dos países em desenvolvimento, incluindo China e os membros da CELAC. O texto faz duras críticas à imposição de medidas coercitivas unilaterais e às guerras comerciais, num claro recado ao governo estadunidense.

      Os países condenam o terrorismo em todas as suas formas e expressam preocupação com o uso indevido de medidas antiterroristas para fins políticos. A carta também aborda a governança das novas tecnologias, como a inteligência artificial, defendendo que ela seja conduzida sob a égide das Nações Unidas para garantir legitimidade e inclusão.

      O compromisso com os direitos humanos, igualdade de gênero, proteção dos povos indígenas, populações vulneráveis e grupos afrodescendentes aparece de forma explícita, sinalizando um esforço para equilibrar cooperação econômica com valores sociais e civilizatórios.

      Ambiente, clima e nova geopolítica da solidariedade

      Outro destaque da Declaração de Pequim é a forte ênfase na agenda climática, com apoio à realização da COP30, que ocorrerá em Belém (Brasil), em novembro de 2025. A carta cobra a plena operacionalização dos fundos climáticos, como o Fundo de Perdas e Danos e o Fundo Verde para o Clima, e afirma a importância de uma transição justa e equitativa.

      O texto também saúda o papel da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), proposta pela China, como vetor de desenvolvimento, integração e conectividade entre os povos. Embora alguns países ainda mantenham distância formal da BRI, mais de 20 países da região já aderiram ao projeto, que financia portos, ferrovias, energia e infraestrutura digital.

      Cinco novos programas anunciados por Xi Jinping

      No mesmo dia em que a carta foi publicada, o presidente Xi Jinping anunciou cinco programas estratégicos para ampliar a parceria China-CELAC:

      1.  Programa de Solidariedade: reforço do apoio mútuo em fóruns multilaterais e intercâmbio político.
      2.  Programa de Desenvolvimento: expansão da Iniciativa Cinturão e Rota, com foco em infraestrutura, IA, 5G e cadeias produtivas.
      3.  Programa de Civilização: promoção de intercâmbios culturais e proteção do patrimônio histórico.
      4.  Programa de Paz: incentivo à zona livre de armas nucleares e formação policial adaptada às demandas locais.
      5.  Programa de Conectividade entre Povos: ampliação de bolsas, formação de professores de chinês, isenção de vistos e ações de bem-estar.

      Brasil protagonista

      O Brasil foi um dos países centrais do encontro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou uma comitiva de ministros, governadores, parlamentares e presidentes de instituições como o BNDES, IBGE e ApexBrasil. Além de discursar no Fórum, Lula se reuniu com Xi Jinping e participou de um jantar privado na residência do líder chinês — sinal de prestígio reservado a poucos chefes de Estado.

      A proposta brasileira de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza também foi acolhida na Declaração como um dos marcos possíveis para a cooperação futura.

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