Quaest: 66% dos brasileiros se preocupam com saúde de Lula para um 2º mandato
Temor sobre as condições do presidente de se manter no cargo por mais quatro anos se espalha entre diversos recortes da sociedade
247 - A saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que completa 80 anos em outubro, acende um sinal de alerta para grande parte da população brasileira. De acordo com pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira (6) por Malu Gaspar, do jornal O Globo, 66% dos entrevistados afirmaram estar preocupados com a capacidade física de Lula para exercer a Presidência da República. O levantamento foi realizado entre os dias 29 de maio e 1º de junho, com entrevistas presenciais de 2.004 eleitores em todo o país.
O temor sobre a saúde de Lula se espalha de maneira praticamente uniforme entre diversos recortes da sociedade, incluindo gênero, idade, escolaridade e renda. Até mesmo entre os eleitores que aprovam o governo federal — grupo no qual o índice de preocupação chega a 69% — o tema é recorrente. Entre os que desaprovam a gestão, o percentual é semelhante: 65%.
A inquietação atravessa fronteiras políticas. A pesquisa revela que 71% dos eleitores que votaram em Lula em 2022 se dizem apreensivos com sua saúde, enquanto 67% dos que escolheram Jair Bolsonaro (PL) também expressam essa preocupação. Entre os que anularam ou não votaram, o número é menor, mas ainda relevante: 58%.
Religião e posicionamento ideológico também foram levados em consideração. Católicos demonstraram o maior índice de preocupação (70%), seguidos por eleitores que se dizem de “esquerda, mas não lulistas” (também 70%) e por bolsonaristas (62%). Curiosamente, esse último grupo foi o que apresentou a maior parcela de entrevistados que disseram não se preocupar com a saúde de Lula: 36%.
Em outubro de 2024, Lula foi internado após uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, o que resultou em cinco pontos na parte de trás da cabeça. Menos de dois meses depois, o presidente foi transferido às pressas de Brasília para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sentir forte dor de cabeça. Na ocasião, os médicos diagnosticaram um hematoma subdural, consequência direta da queda anterior, e o presidente precisou ar por uma cirurgia de urgência.
O episódio gerou preocupação não apenas pela gravidade do quadro, mas também pela forma como o caso foi comunicado oficialmente. Houve críticas à transparência da equipe presidencial, especialmente pela omissão inicial do fato de que Lula havia ado por um procedimento cerebral.
Durante o período de recuperação, o presidente permaneceu despachando da residência oficial, mas teve de suspender viagens, sobretudo ao exterior, por várias semanas. Os efeitos físicos e a limitação na agenda reforçaram a discussão sobre sua idade avançada e suas condições de saúde.
Reeleição em 2026 reacende debate - Os dados da Genial/Quaest foram colhidos seis meses após os episódios médicos de 2024, mas mostram que o tema permanece sensível para o eleitorado. A eventual candidatura de Lula à reeleição em 2026 tende a intensificar o debate. Se confirmado como candidato, ele disputará o pleito às vésperas de completar 81 anos. Em 2022, o próprio Lula chegou a afirmar: “todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição. Todo mundo sabe. Se ninguém quer saber, a natureza é implacável”.
Apesar da declaração feita em meio à campanha, hoje o presidente ite a possibilidade de buscar um quarto mandato. Caso seja reeleito, Lula concluiria o próximo ciclo presidencial com 85 anos, em janeiro de 2031 — uma marca rara no cenário político global fora de regimes monárquicos.
Comparações internacionais - A questão da idade não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, a saúde do então presidente Joe Biden dominou o debate político em 2023 e 2024. Aos 80 anos, o democrata anunciou sua candidatura à reeleição, mas acabou desistindo após um desempenho considerado fraco em debate contra Donald Trump, atual ocupante da Casa Branca em seu segundo mandato. A desistência abriu caminho para Kamala Harris, então vice-presidente, que foi derrotada por Trump por margem apertada.
Casos de lideranças políticas de idade avançada são raros, mas não inéditos. Um exemplo emblemático é o de Mahathir Mohamad, que voltou ao cargo de primeiro-ministro da Malásia em 2018, aos 92 anos, após um longo intervalo desde seu primeiro mandato. Ele permaneceu no cargo até os 94.
No caso brasileiro, a pesquisa Genial/Quaest aponta que Lula terá um desafio significativo pela frente se quiser provar ao eleitorado que sua disposição física e mental está à altura das exigências do cargo.
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