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      Moisés Mendes

      Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

      964 artigos

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      A estranha conversão do brigadeiro Baptista Júnior

      “Merece estudo a trajetória do militar bolsonarista que decide abandonar o golpe e ajudar a dedurar um colega”, escreve o colunista Moisés Mendes

      Tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

      A gangorra em que se balançou o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, em pouco tempo no poder, ajuda a entender o que se a na cabeça dos militares sob tensão.

      O ex-comandante da Aeronáutica assumiu o cargo no dia 21 de abril de 2021, depois da crise provocada pela debandada dos chefes militares de Bolsonaro. Tinha posições  terrivelmente bolsonaristas.

      Mas no dia 16 de dezembro de 2022, como narrou agora no STF, o brigadeiro mandou pelo general Augusto Heleno um recado a Bolsonaro, no que talvez tenha sido seu último gesto, já como legalista: não vai ter golpe.

      Heleno se reuniu com Bolsonaro no dia seguinte, um sábado, no Alvorada, levando o recado de Baptista e tudo que os dois já sabiam da posição do então ministro do Exército, Marco Antônio Freire Gomes: não há como ter golpe.

      É o final do roteiro, o desfecho das articulações que levam Bolsonaro a fugir no dia 30 de dezembro para os Estados Unidos. É o que fica claro no depoimento do brigadeiro nessa quarta-feira no STF.

      O ex-comandante da Aeronáutica falou no Supremo, como testemunha, por ele e pelo ex-colega chefe do Exército. Freire Gomes vacilou e não quis reafirmar a Paulo Gonet e aos ministros que havia avisado Bolsonaro de que seria preso, se tentasse o golpe.

      Baptista Júnior, escaldado pelo tranco que Freire Gomes levou de Alexandre de Moraes, dois dias antes, assegurou: o colega ameaçou mesmo prender o chefe do golpe em reunião em dezembro.

      Mas e daí, qual é a boa? A boa é que em pouco tempo, de abril de 2021 a dezembro de 2022, o bolsonarismo do brigadeiro foi pulverizado. Pela sua índole legalista? Ou pela certeza de que, sem o Exército de Freire Gomes, não havia como tentar um golpe?

      O resto é o que se sabe. Sem e, Bolsonaro pegou o avião e fugiu com Anderson Torres, os generais se apijamaram e os manés foram abandonados no 8 de janeiro, para que fizessem o que restava fazer. Que quebrassem o que havia pela frente.

      Não havia, para todos os chefes do golpe, como conter o plano de invasão de Brasília. A saída era recolher armas e deixar ao relento os que conversavam com marcianos pelo celular e cantavam o hino para pneus.

      Agora, o que importa aos que estudam a caserna é saber como o ex-comandante da Aeronáutica juntou-se aos legalistas. E como seu colega da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, por ele dedurado, imaginou que, com meia dúzia de soldados e corvetas, poderia continuar golpista ao lado de Bolsonaro. Se até Bolsonaro já havia decidido fugir.

      O depoimento de Baptista no STF tem coisas estranhas. Ele sugere que, no início das reuniões, mesmo depois da eleição de Lula, imaginava que a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) iria conter uma convulsão social.

      E que depois se deu conta de que aquilo era mesmo a trama de um golpe. Um militar com sua formação, em posição de chefia, achava que Bolsonaro queria ordem e progresso com o uso da GLO? Até um cabo, sem jipe, acharia estranho.

      O brigadeiro é um caso único de oficial de alta patente, com posição de comando e com proximidade com os líderes da extrema direita, que se vira contra o grande comandante e o desafia.

      Baptista Júnior pode ser também um caso raro da inversão de condutas, em que geralmente um milico vai dormir legalista e, no dia do golpe, acorda como golpista. Bem acordado, ele deve ter mais coisas para contar.

       

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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