window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Oliveiros Marques', 'page_url': '/blog/carta-aos-meus-amigos-pedetistas' });
TV 247 logo
      Oliveiros Marques avatar

      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

      62 artigos

      HOME > blog

      Carta aos meus amigos pedetistas

      'Ciro Gomes, ao invés de ser alternativa progressista, preferiu a verborragia arrogante, e o elitismo travestido de lucidez', afirma Oliveiros Marques

      Ciro Gomes (Foto: Reprodução)

      É com respeito, mas também com a firmeza que o momento exige, que me dirijo a vocês — herdeiros de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Alceu de Deus Colares, de uma tradição nacional-popular forjada na luta contra os donos do Brasil. Essa carta é um pedido à reflexão. Um apelo e, por que não dizer, um puxão de orelha fraterno: o Partido Democrático Trabalhista não pode se transformar em palanque para discurso que remete aos tempos sombrios em que a elite usava a moral como disfarce para o golpe.

      Sei que sabem de quem estou falando. Carlos Lacerda. Sim, o udenista que se dizia arauto da ética enquanto conspirava com os militares contra João Goulart. O mesmo que, com sua retórica inflamada contra a “corrupção” e os “populistas”, abriu caminho para o golpe de 64. Lacerda não queria apenas combater adversários políticos — queria eliminar o projeto de um Brasil soberano, socialmente justo e conduzido pelos interesses do povo.

      E qual não é o espanto de ver, décadas depois, dentro do PDT, um novo Lacerda de voz rouca e dedo em riste surgir. Ciro Gomes, ao invés de se firmar como alternativa progressista, preferiu o caminho mais fácil: o da verborragia arrogante, da pregação moralista, do elitismo travestido de lucidez. Num país que sofre com a desigualdade e o preconceito, não dá para tolerar bravatas racistas e discursos de superioridade moral que tratam o povo como massa ignorante.

      O PDT não pode ser a casa de Carlos Lacerda com fantasia de esquerda.

      Ciro não dialoga com o povo, fala sobre ele, como quem comenta um objeto curioso numa vitrine. Isso não é trabalhismo, isso é ressentimento mal disfarçado. E não é de ressentidos que o Brasil precisa — é de líderes populares, comprometidos com a justiça social e a soberania nacional, como foi Leonel de Moura Brizola.

      Permitir que Ciro continue a usar o PDT como palanque pessoal é trair o legado que alguns de vocês herdaram e muitos outros construíram. É transformar um partido que sempre foi trincheira do povo em aeronave para vaidades e projetos messiânicos fracassados. É deixar que o espírito udenista de Lacerda assombre, em pleno século XXI, uma legenda que deveria ser escudo contra esse tipo de retrocesso.

      Jango caiu em pé, com as botas calçadas. Mas seu partido corre o risco de se ajoelhar diante do populismo elitista de um falso herdeiro. Cabe a vocês decidirem: o PDT será a pátria do trabalhismo ou o quintal de um coronel moderno?

      A escolha é de vocês, é claro. Mas a história, como sempre, cobrará seu preço.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados