Trump e as eleições brasileiras
"Trump caminha para se tornar uma unanimidade negativa"
Notícias vindas do país do Tio Sam dão conta de que o bilionário dublê de presidente, Donald Trump, registra os piores índices de avaliação dentre todos os presidentes norte-americanos nos últimos 70 anos. Reflexo da insanidade de suas medidas e da fanfarronice de suas posturas. Números que só não são piores porque o pique inflacionário ainda não deu as caras, graças aos sucessivos adiamentos na implantação das loucuras tarifárias.
Fora o impacto econômico global, o cenário construído por esse lunático — que ontem mesmo afirmou governar os EUA e o mundo — influenciará diretamente as eleições aqui no Brasil. Isso porque é sabido que há campos políticos por aqui que batem continência para a bandeira norte-americana e idolatram o doido. Tem até deputado que encarou a neve e pagou caro pra ir em uma das inúmeras festinhas de comemoração da sua posse.
E uma das perguntas que o processo eleitoral do próximo ano pode suscitar ao eleitor é: nós, brasileiros e brasileiras, queremos mesmo ser espelho — e cobaia — das experiências que estão rolando por lá? O campo que colocou o boné do MAGA na cabeça vai ter que responder se seu projeto de governo bebe ou não das águas turvas do trumpismo.
Esse, aliás, não deverá ser um debate fácil para o bolsonarismo. Trump caminha para se tornar uma unanimidade negativa. E, dado o seu perfil, não vai mudar de rota. A tendência é seguir governando desse jeito. E afundando, do mesmo jeito. Portanto, colar no seu candidato — ou naquele apoiado por ele — os traços de autoritarismo, loucura e irresponsabilidade do trumpismo pode ser um caminho interessante para as campanhas adversárias.
E penso que fazer essa colagem não será difícil. Não são poucos os bolsonaristas que conheço que dizem que Bolsonaro perdeu para a própria língua, pelas bobagens que falava e fazia enquanto governava. Ou seja, há terreno fértil para posicionar esse campo no espaço do indesejável.
Mas, como abandonar aliados no meio do caminho é praticamente um mandamento do bolsonarismo — Bebiano, Paulo Marinho, Roberto Jefferson, Carla Zambelli e tantos outros que o digam — também é possível que, virando o semestre, a horda já comece a esculhambar o Trump. Porque, no fim das contas, o que importa mesmo é a sobrevivência do clã.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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