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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

      62 artigos

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      Vaia de inimigos é elogio

      "Foi mais ou menos essa a situação vivida por Lula durante o evento da 'Marcha dos Prefeitos'", escreve Oliveiros Marques

      Lula durante a 26ª Marcha a Brasília em defesa dos Municípios (CNM) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

      Você sai de casa em dia de clássico, encara o trem, o metrô, a longa caminhada da estação até o estádio, em frente ao teatro bretão come aquele cachorro-quente e toma a cervejinha — afinal de contas, fora do estádio é mais barata —, e, vestindo com orgulho o manto sagrado do seu time, segue para o portão indicado no ingresso. Como chegou atrasado, vai às pressas para as filas, que já estão enormes. Aí vem a surpresa: o seu ingresso, aquele que você pagou com dias de trabalho, dá o ao setor reservado à torcida adversária. Os apupos e vaias ensurdecedoras são inevitáveis.

      Foi mais ou menos essa a situação vivida por Lula durante o evento da “Marcha dos Prefeitos”. Marcha, diga-se de agem, realizada em um auditório com bom ar-condicionado, onde nenhum dos alcaides, assessores ou vereadores — todos financiados com generosas diárias — dá mais de dez os. Lula vestiu sua camiseta do Corinthians e, de cabeça erguida e peito aberto, foi ao Palestra Itália (não vou fazer merchandising do naming rights do estádio), em dia de clássico com torcida única: a dos donos da casa.

      Estar na “Marcha dos Prefeitos” é como estar em Copacabana num dia de mobilização do inelegível para escapar da cadeia. Os “camisetas da Nike” estarão em maioria na avenida fechada para eles, porque quem tem o que fazer de importante está na faixa de areia.

      E Lula sabia disso. A ida foi devidamente calculada. O quadro político daquele auditório estava totalmente mapeado. O objetivo não era convencer os presentes — em sua maioria, gente que se alimenta do ódio como extintor das chamas da esperança. O recado era para os aliados. Em menor número, sim, mas que precisavam ouvir um estamos juntos.

      O papo de municipalismo, repetido ad nauseam por pré-candidatos que falaram antes de Lula, não rende um único voto a suas campanhas. Naquele salão, cada um sabe muito bem o que quer da vida - e, em boa parte dos casos, da própria vida. Prefeitos e prefeitas Brasil afora acreditam que, com emendas Pix, orçamentos secretos e outras cositas más, dependem mais de deputados e senadores para tocarem suas gestões do que do governo federal. Por isso, alguns se sentiram absolutamente à vontade para vaiar — revelando, inclusive, certo desrespeito com o convidado.

      O que alguns ali esqueceram é que o mundo é redondo, a vida é longa e os reencontros são quase sempre inevitáveis. Em outras eleições, Lula já venceu sendo minoria entre os prefeitos. Logo, problema zero para ele e sua estratégia eleitoral, que não deve contar com esses atores. Ainda assim, penso que o “republicanismo” característico de seus governos poderia ser, só um pouquinho, deixado de lado - e que se demonstrasse com aos apupadores, com o brilho da tinta da caneta, que suas atitudes têm consequências.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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