Secretário da Força Sindical é declarado anistiado político por perseguição na ditadura
Juruna foi emitido por sua atuação sindical nas décadas de 70 e 80
247 - Em sessão realizada nesta quarta-feira (21), a Comissão de Anistia reconheceu oficialmente que o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, foi vítima de perseguição política durante a ditadura militar no Brasil. A decisão garante ao sindicalista o status de anistiado político e o direito a uma reparação mensal vitalícia no valor de R$ 2.000, além da contagem do período entre outubro de 1983 e janeiro de 1984 para fins de aposentadoria. A informação é do , da Folha de S.Paulo.
Juruna participou da sessão presencialmente e se emocionou com o desfecho do processo. “Fiquei muito emocionado porque o julgamento eleva o debate sobre a perseguição política que atingiu os operários e trabalhadores. As pessoas que atuavam na Cipa, a gente sabia que, depois de dois anos, a gente estava liquidado”, afirmou, referindo-se à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que garantia estabilidade no emprego.
A trajetória de Juruna como militante sindical começou ainda na década de 1970, na Juventude Operária Católica. Em 1980, ingressou na Indústria Villares, na zona sul de São Paulo, como inspetor de qualidade. Foi eleito duas vezes para a Cipa, exercendo o cargo entre 1981 e 1983. Segundo ele, esse período foi marcado por intensa vigilância e repressão aos trabalhadores organizados.
A demissão de Juruna em outubro de 1983 ocorreu logo após uma greve da categoria metalúrgica e o encerramento de seu mandato na Cipa. Na época, segundo o processo, ele já estava sob monitoramento de agentes do regime. No início de 1984, mesmo tendo sido aprovado para uma vaga na empresa Taito, teve o contrato barrado após ser identificado como sindicalista. “Quando me perguntaram se participava do sindicato, disse que só cortava cabelo lá e frequentava a colônia de férias. Mesmo assim, rasgaram meu crachá. Eu devia ter guardado a foto”, lamentou.
Para Juruna, o reconhecimento como anistiado é também um ato de reparação coletiva. “É um julgamento que mostra que, mesmo nas situações mais difíceis, você tem que levantar a cabeça”, declarou. Ele também destacou o papel simbólico da decisão para outros trabalhadores. “Você tinha julgamento de intelectuais, professores. Meu julgamento dará repercussão positiva para que trabalhadores que foram perseguidos e não abriram processo possam fazer isso. Como tem gente aí hoje que defende aquela ditadura... a democracia é o melhor para o Brasil.”
O advogado Alberto Albiero Junior, que representou Juruna na Comissão, também celebrou a decisão. “A demissão de Juruna, em 1983, é parte da perseguição política perpetrada pelo Estado brasileiro e o grande empresariado para manter um regime ditatorial a serviço da superexploração dos trabalhadores. Por isso deve haver reparação”, afirmou.
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