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      247 visita megafábrica que se tornará "cidade" da BYD na China, com meta de 1 milhão de veículos ao ano

      Planta de Zhengzhou, na província de Henan, já é a maior base de produção integrada da montadora chinesa, responsável por mais de 545 mil veículos em 2024

      Linha de montagem da BYD em Zhengzhou, na província de Henan, na China (Foto: Guilherme Paladino/Brasil 247)
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      Por Guilherme Paladino, de Zhengzhou (China) - O 247 visitou, nesta quarta-feira (23), a megafábrica da BYD em Zhengzhou, na província chinesa de Henan, um dos mais ambiciosos projetos industriais do setor automotivo global. A planta é, atualmente, a maior base de produção integrada da montadora chinesa, responsável por mais de 545 mil veículos de nova energia (NEV, na sigla em inglês) em 2024. A unidade reflete não só a potência da marca que lidera o mercado de carros elétricos no Brasil, mas também o novo papel estratégico de Zhengzhou no mapa da indústria automotiva mundial.

      Construída em tempo recorde — foram 17 meses desde a aprovação do projeto, em 2021, até o início da produção dos primeiros veículos —, a fábrica foi instalada em abril de 2022 e produziu seu primeiro modelo para o mercado em abril de 2023. Hoje, abriga a fabricação de seis modelos elétricos diferentes e conta com linhas de montagem que, em ritmo acelerado, entregam um veículo a cada pouco mais de um minuto. Com três turnos e operação ininterrupta, a produção pode chegar a 3 mil unidades por dia.

      Linha de montagem da BYD em Zhengzhou, na província de Henan, na China
      Linha de montagem da BYD em Zhengzhou, na província de Henan, na China(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

       

      Interior do modelo Fangchengbao bao 8 (ainda sem nome em inglês), da BYD, em Zhengzhou, na província de Henan, na China
      Interior do modelo Fangchengbao bao 8 (ainda sem nome em inglês), da BYD, em Zhengzhou, na província de Henan, na China(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      A visita percorreu não apenas as linhas de montagem, onde robôs e operadores humanos trabalham lado a lado, mas também a seção dedicada às baterias, coração tecnológico dos veículos da marca. Segundo representantes da empresa, a bateria exposta do modelo mais ível pesa 239 kg e a cerca de 5 mil ciclos de recarga. Há baterias com autonomia de até 700 km, reforçando o compromisso da BYD com inovação e alcance.

      “Produzimos a bateria mais segura utilizada atualmente em veículos de nova energia”, afirmou uma das representantes da marca durante a visita. Outro ponto destacado foi o papel da América Latina na estratégia da empresa. “O mercado da América Latina é muito importante para nós. No Brasil, México e Colômbia somos os carros mais vendidos de nova energia.”

      Modelo de bateria de lítio de 239kg da BYD em Zhengzhou, na província de Henan, na China
      Modelo de bateria de lítio de 239kg da BYD em Zhengzhou, na província de Henan, na China(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      A construção de uma cidade-fábrica

      Mais do que uma fábrica, o que se desenha em Zhengzhou é um experimento industrial sem precedentes. Conforme informado primeiramente pela Quatro Rodas, a BYD está expandindo o complexo para uma área total estimada em 130 km² — maior que cidades como Boa Vista (RR) ou Macapá (AP). Em construção em oito fases — atualmente na quinta —, a chamada “cidade-fábrica” contará com infraestrutura urbana completa, incluindo dormitórios, moradias verticais, campos de futebol, quadras de tênis e centros de lazer. O objetivo é permitir que dezenas de milhares de trabalhadores vivam e atuem no mesmo local, com maior produtividade e integração, chegando a fabricar mais de 1 milhão de veículos ao ano.

      O projeto é, em escala, o maior do mundo no setor de veículos elétricos, superando a Gigafactory da Tesla, em Nevada, que ocupa 11,6 km². 

      Exposição de modelos prontos da BYD na fábrica de Zhengzhou, na província de Henan, na China
      Exposição de modelos prontos da BYD na fábrica de Zhengzhou, na província de Henan, na China(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      A verticalização do processo produtivo — que inclui desde a produção de baterias até a montagem final dos veículos — é um diferencial competitivo. A estratégia reduz custos logísticos, agiliza a produção e pode consolidar a BYD como a líder global do setor. Em 2024, a empresa vendeu 4,27 milhões de veículos elétricos e híbridos plug-in, sendo que cerca de um quarto dessa produção virá da planta de Zhengzhou no futuro.

      Aumento da parceria com o Brasil

      Uma visita do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à sede corporativa da BYD em Shenzhen, neste domingo (20), deu início a mais uma agenda estratégica para atrair investimentos chineses em setores-chave da transição energética brasileira. Em reunião com o vice-presidente da empresa para a América Latina, Oscar Su, Silveira alinhou novas frentes de cooperação: uma voltada à expansão da produção de veículos elétricos no Brasil e outra dedicada ao desenvolvimento de baterias para estabilizar o Sistema Interligado Nacional (SIN).

      Silveira destacou que o Brasil está preparado para liderar a nova economia verde global, citando a matriz elétrica majoritariamente limpa do país e seu potencial tecnológico crescente. “Estamos robustecendo a parceria com o setor automobilístico e fortalecendo o intercâmbio tecnológico. Isso significa mais empregos, inovação e desenvolvimento sustentável para o nosso país”, disse o ministro, acrescentando que a visita também prepara o terreno para a viagem do presidente Lula à China, prevista para maio.

      A importância da BYD nesse processo é evidente. Desde sua chegada ao Brasil, em 2014, a montadora chinesa tem ampliado sua presença de forma acelerada: a empresa já conta com sete fábricas em território brasileiro – em cidades como Campinas, Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória – e está construindo, em Camaçari (BA), a maior unidade da marca fora da Ásia, com investimento estimado em R$ 5,5 bilhões. A previsão é de que o complexo gere até 20 mil empregos e produza, em sua primeira fase, 150 mil veículos por ano, podendo dobrar esse volume futuramente.

      Bases de produção de baterias de lítio da BYD na China e no mundo
      Bases de produção de baterias de lítio da BYD na China e no mundo(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      Líder absoluta no segmento de veículos elétricos no Brasil, a BYD vendeu mais de 76 mil unidades em 2024, o que representa sete em cada dez carros elétricos vendidos no país. No mercado de híbridos, a marca também tem forte presença, com um em cada quatro veículos comercializados. A empresa já soma mais de 165 concessionárias no país e pretende chegar a 270 até o fim de 2025, consolidando sua posição como principal motor da mobilidade elétrica brasileira.

      Zhengzhou e Henan: novos polos da revolução industrial chinesa

      Localizada no coração da China, Zhengzhou é a capital da província de Henan e vem se consolidando como um dos polos industriais mais dinâmicos do país. Em 2024, a cidade produziu mais de 1,1 milhão de veículos elétricos, um crescimento de 98% em relação ao ano anterior. Esse desempenho colocou Zhengzhou entre os principais centros automotivos da China, ao lado de cidades como Wuhan e Hefei.

      Com mais de 13 milhões de habitantes e uma taxa de urbanização de 80%, a cidade é considerada um dos polos centrais do país. Em 2024, seu Produto Interno Bruto atingiu 1,45 trilhão de yuans, com crescimento de 5,7%, colocando-a entre as principais cidades do grupo com PIB trilionário.

      Além do avanço econômico, Zhengzhou também abriga um rico legado cultural: são cerca de 10 mil sítios de patrimônio histórico preservados, incluindo dois reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade — os monumentos históricos de Dengfeng, conhecidos como “O centro do céu e da terra”, e a seção local do Grande Canal da China. A cidade é uma das oito antigas capitais do país e uma referência nacional em conservação cultural.

      O mundialmente famoso Templo de Shaolin em Zhengzhou, na província de Henan, na China
      O mundialmente famoso Templo de Shaolin em Zhengzhou, na província de Henan, na China(Photo: Guilherme Paladino/Brasil 247)Guilherme Paladino/Brasil 247

      Na vanguarda do desenvolvimento tecnológico, Zhengzhou abriga quase 6 mil empresas de alta tecnologia e movimenta 80 bilhões de yuans em contratos tecnológicos. Seus dois principais clusters industriais — o de eletrônicos e o de veículos de nova energia — avançam com força rumo à marca de escala bilionária. A capacidade industrial local impressiona: 1 em cada 9 smartphones do mundo é produzido em Zhengzhou, assim como 1 em cada 8 ônibus.

      Esse cenário reafirma o papel estratégico da cidade — e da província de Henan — no esforço chinês de reindustrialização com foco em inovação, digitalização e sustentabilidade, elementos centrais para a construção do que Pequim chama de uma "nova força produtiva".

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