Gol pode sair da recuperação judicial enquanto Azul corre o risco de entrar
Reviravolta pode ter impacto na fusão entre as duas empresas, que seria nociva à concorrência
247 – A companhia aérea Gol enfrenta nesta terça-feira (20) uma audiência decisiva em Nova York, que pode marcar o fim de seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o mecanismo do Chapter 11. Com o apoio da maioria dos credores e US$ 1,9 bilhão em financiamento já assegurado, a empresa tem expectativa favorável para a aprovação do plano de reestruturação financeira. A informação é do jornal Estado de S. Paulo, com base em documentos judiciais e fontes do setor aéreo.
A votação dos credores foi encerrada no dia 12 de maio e, desde então, diversas objeções foram retiradas, incluindo as da Oracle e da TAM Linhas Aéreas. A audiência, conduzida pelo juiz Martin Glenn, discutirá os termos do plano e deverá ser a última etapa antes da conclusão formal do processo, prevista para junho. A Gol captou os recursos necessários sem recorrer à emissão de ações, o que evitou diluição acionária e reforçou sua capacidade de manter as operações com estabilidade.
Captação robusta e estrutura preservada
Os US$ 1,9 bilhão foram levantados por meio de instrumentos de dívida com prazo de cinco anos, em parceria com credores atuais e novos investidores, responsáveis por aportar US$ 570 milhões. Essa solução financeira, segundo analistas, garantiu à Gol fôlego para concluir a reestruturação com uma base sólida e credibilidade reforçada junto ao mercado.
O avanço da recuperação da Gol é visto como fator-chave para destravar as negociações de fusão com a Azul. Em janeiro de 2025, as empresas am um memorando de entendimento com esse objetivo. Segundo Manuel Irarrázaval, CFO do Grupo Abra — holding que controla a Gol —, “não vamos fazer uma transação que eleve a alavancagem, a dívida não vai aumentar”.
Azul pode seguir caminho inverso
Entretanto, o cenário da Azul se deteriorou nos últimos meses. Com aumento do endividamento e dificuldades para captar recursos, a companhia voltou a considerar, segundo fontes ouvidas pelo Estado de S. Paulo, a possibilidade de recorrer ao Chapter 11, nos Estados Unidos, como saída para reestruturar sua operação. A medida é avaliada por credores e instituições financeiras, diante da crescente judicialização do setor aéreo brasileiro.
Em nota oficial ao mercado, a Azul afirmou que “monitora constantemente alternativas” para fortalecer sua estrutura de capital e preservar a liquidez. A empresa destacou ainda que vem realizando progressos significativos na redução da dívida e que segue em tratativas com parceiros para otimizar sua posição financeira.
Riscos à concorrência
A possível fusão entre Gol e Azul é vista com preocupação por especialistas e entidades de defesa da concorrência, que alertam para o risco de concentração de mercado e redução de opções para os consumidores. Com as duas principais companhias do setor envolvidas em processos de recuperação ou reestruturação, o debate sobre o impacto de uma eventual consolidação ganha força.
A saída da Gol do Chapter 11, se confirmada, representará um marco na sua trajetória recente, mas o futuro da aviação comercial no Brasil ainda dependerá de como Azul reagirá aos desafios e das decisões que serão tomadas pelas autoridades reguladoras diante da possível fusão, que é contestada por órgãos de defesa do consumidor.
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