Haddad reage ao protecionismo de Trump: “Vamos defender empregos e indústrias brasileiras”
Ministro da Fazenda critica tarifas dos EUA, aponta riscos à economia global e diz que Brasil não aceitará ser tratado como parceiro de segunda classe
247 - Em entrevista concedida à BandNews FM nesta sexta-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. De acordo com o ministro, a decisão do governo norte-americano, comandado pelo presidente Donald Trump, representa uma guinada protecionista abrupta e ameaça a estabilidade do comércio internacional.
“Os Estados Unidos aram as últimas quatro décadas defendendo o livre comércio. De repente, mudam 180 graus. É um cavalo de pau em um transatlântico”, afirmou Haddad, ao comentar a adoção de tarifas de 10% sobre importações de diversos países, incluindo o Brasil. Segundo ele, a medida reflete pressões internas de grupos empresariais dos EUA, apesar de ter como principal alvo a China.
Riscos ao comércio e reação diplomática
O ministro classificou o cenário internacional como instável e disse que ainda é cedo para mensurar os efeitos concretos das novas barreiras. “Não estabilizou o cenário ainda”, pontuou. Para Haddad, o Brasil tem conseguido manter posição estratégica no comércio global graças a superávits comerciais e ao equilíbrio nas relações com os principais blocos econômicos. Além de Estados Unidos e União Europeia, ele destacou o aprofundamento dos laços com países do Sudeste Asiático.
Haddad ressaltou que o governo brasileiro está atuando de forma coordenada para proteger a indústria nacional. “Vamos defender empregos e indústrias brasileiras”, garantiu. Ele destacou que o Ministério das Relações Exteriores e o vice-presidente Geraldo Alckmin estão em contato direto com autoridades norte-americanas. “O Brasil deve fazer valer suas prerrogativas de parceiro preferencial dos EUA na América do Sul.”
“Não podemos ser tratados como parceiros de segunda classe”
Ao comentar a aprovação da chamada “lei da reciprocidade” pelo Congresso Nacional, que autoriza o Brasil a adotar medidas em resposta a ações unilaterais de outros países, Haddad afirmou que a nova legislação envia uma mensagem clara à Casa Branca. “Não podemos ser tratados como parceiros de segunda classe”, declarou, em referência à necessidade de respeito mútuo entre as nações.
Apesar das incertezas geradas pelo cenário internacional, o ministro descartou qualquer risco imediato de desaceleração econômica no país. Segundo ele, o Brasil dispõe de instrumentos eficazes para enfrentar turbulências. “A economia brasileira segue saudável. Temos reservas internacionais robustas e instrumentos para enfrentar a turbulência externa”, afirmou.
Críticas à política econômica dos EUA
Haddad também comentou a recente valorização do dólar em meio à instabilidade e questionou os fundamentos da política econômica norte-americana. “Pela lógica, o dólar deveria se desvalorizar com o déficit externo. Mas, com os sinais contraditórios, investidores buscam refúgio na moeda americana”, observou.
Para o ministro, a escalada protecionista dos EUA pode, ironicamente, servir como estímulo para outras negociações comerciais de interesse do Brasil. “Tenho convicção de que essa situação vai impulsionar negociações importantes para o Brasil e para a região”, disse, referindo-se à possibilidade de avanço no acordo entre Mercosul e União Europeia.
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