Magda Chambriard defende exploração segura na Margem Equatorial e diz que futuro da Petrobras depende da reposição de reservas
Presidente da estatal defende licenciamento e critica desinformação sobre localização dos poços
247 – A engenheira Magda Chambriard, que neste sábado (24) completa um ano na presidência da Petrobras, afirmou que a sustentabilidade da companhia depende diretamente da continuidade da exploração de petróleo, especialmente na Margem Equatorial. Em entrevista publicada pelo Valor Econômico, ela destacou: “Não existe futuro para uma empresa de petróleo sem exploração”.
Chambriard explicou que a Petrobras está plenamente preparada para iniciar as operações na Margem Equatorial, com um plano de emergência robusto, estruturado para lidar com qualquer eventualidade em águas profundas e ultraprofundas. “Estamos ofertando lá [no Pará e Amapá] o maior plano de emergência individual já visto para águas profundas e ultraprofundas”, disse. Segundo ela, a expectativa pela licença ambiental é positiva, embora o cronograma dependa das vistorias do Ibama.
A executiva reforçou que a estatal não vê obstáculos técnicos à autorização e que tem cumprido todas as exigências regulatórias. “Se a Petrobras, que é a maior empresa do país, não conseguir cumprir as condicionantes, quem é que vai cumprir?”, questionou.
Combate à desinformação
Um dos pontos mais destacados por Chambriard foi o que ela chamou de “confusão” criada pelo nome “Foz do Amazonas”, levando a uma percepção equivocada da localização dos poços. “Não estamos querendo furar na Amazônia, na beira do rio. O nível de desinformação é muito grande. A área que estamos pretendendo furar fica a 540 quilômetros da ilha do Marajó”, esclareceu.
Ela comparou essa distância à do pré-sal em relação à costa do Rio de Janeiro e defendeu a reputação técnica da Petrobras: “Se a gente confia na Petrobras para perfurar no pré-sal, em frente a Angra dos Reis, por que não confiar para perfurar no Amapá?”.
Matriz limpa
Durante uma palestra nos Estados Unidos, Chambriard usou a expressão “let’s drill, baby”, popularizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e foi criticada por setores ambientais. Ela explicou que a frase foi dita num contexto de incentivo ao desenvolvimento regional e redução de custos. “Eu estava ali olhando para o governador do Amapá e disse: ‘Governador, nós temos aqui a obrigação de olhar o potencial do Brasil, o potencial do Amapá. Então, let's drill, baby’”.
Questionada sobre a exploração de petróleo em meio à realização da COP30 no Brasil, Chambriard afirmou que o país já lidera no uso de energias renováveis e que é possível equilibrar a exploração com a sustentabilidade. “O mundo almeja chegar a 2050 com 39% da matriz energética renovável. O Brasil tem hoje 53%. Queremos chegar a 64%”, argumentou.
Ela também esclareceu que o plano de investimentos da Petrobras ampliou a fatia de recursos voltada a energias renováveis, subindo de 11% para 15%, com ênfase em biocombustíveis como etanol, biodiesel e diesel verde.
Reposição de reservas e expansão internacional
Chambriard afirmou que a empresa tem planos para perfurar oito poços na bacia da Margem Equatorial, sendo um inicial e sete sob uma licença conjunta. Ela defendeu a ampliação da exploração para garantir a reposição de reservas e sustentação da balança comercial. “O petróleo é hoje o primeiro produto de exportação brasileiro. Pagamos R$ 270 bilhões em tributos em 2024. Temos que explorar mais, repor reservas”, defendeu.
A presidente também revelou que a Petrobras avalia oportunidades na margem atlântica africana, aproveitando sua experiência em águas profundas.
Privatizações, Braskem e ativos
Sobre a Braskem, Chambriard negou qualquer intenção de estatização, mas reiterou o interesse da Petrobras na empresa. “Queremos uma Braskem lucrativa. Daremos todo o e, porque é nossa obrigação societária”. Ela também confirmou que o Polo Bahia permanece à venda, mas condicionou a operação à viabilidade econômica.
Ao ser questionada sobre um possível retorno à refinaria de Mataripe, descartou por ora a hipótese: “Gosto de comprar negócios que deem lucro e tenham sinergias”.
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