“A única forma de parar Israel é com boicote, sanções e desinvestimento”, diz Breno Altman
Para jornalista, Brasil pode liderar movimento internacional pela ruptura de relações com Israel e ampliar pressão pelo fim do genocídio em Gaza
247 - Durante participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman defendeu que a comunidade internacional abandone a via diplomática como resposta ao que classificou como “regime sionista genocida” de Israel. Segundo ele, declarações e resoluções, embora importantes, têm se mostrado inócuas diante da escalada de ataques à população palestina.
“A única forma de parar o Estado de Israel é boicote, sanções e desinvestimento. A única forma que existe é pressão econômica e, no limite, militar sobre o Estado genocida de Israel”, afirmou Altman, enfatizando a insuficiência de medidas meramente simbólicas. “Tudo que nós estamos assistindo hoje no mundo — as declarações, as notas, as reuniões — têm lá sua importância, mas são movimentos inócuos, movimentos insuficientes.”
Segundo ele, é preciso que Israel “sinta no bolso, na pele”, para que mude sua conduta. E apontou que há sinais de que alguns países da Europa, como Espanha, França e Reino Unido, começam a se mover nesse sentido. No entanto, destacou que os Estados Unidos continuam sendo o principal obstáculo para qualquer ação efetiva contra Tel Aviv.
Ao falar sobre o papel do Brasil, Altman reconheceu a relevância das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — como a recente denúncia do ataque israelense a uma família palestina, que ele classificou como “covarde” e “vergonhoso” — mas afirmou que ainda falta ação concreta. “As declarações do presidente Lula são corajosas, justas, verdadeiras, mas também são insuficientes, porque o Brasil continua a ter relações diplomáticas e comerciais com Israel”, disse.
Ele listou as únicas duas ações práticas adotadas até agora: o rebaixamento da representação diplomática brasileira em Tel Aviv e a suspensão da compra de blindados israelenses pelo Exército. Ambas, segundo ele, são “medidas marginais”.
Breno Altman defende que o Brasil lidere uma ruptura mais ampla, sobretudo por sua influência no Sul Global. “Se o presidente Lula declarar nas próximas horas que o Brasil rompe relações diplomáticas e comerciais com Israel ou as suspende até que se encerre a carnificina em Gaza, tenho absoluta convicção de que dezenas de países se juntariam a esse movimento”, afirmou. Ele citou países da África, da América Latina, da Ásia e até da Europa como possíveis aderentes, graças à liderança internacional de Lula.
O jornalista ressaltou ainda que o impacto de tal decisão seria não apenas econômico, mas principalmente simbólico, reforçando o movimento global por sanções ao Estado israelense. “É necessário coragem. Tem horas na história que é preciso coragem. E esse é um desses momentos”, declarou.
Altman também reagiu de forma contundente à aprovação no Senado Federal do projeto que cria o “Dia da Amizade Brasil-Israel”. A proposta teve apoio da bancada do PT, o que classificou como “uma vergonha”. “É inexplicável essa posição. Dizer que neste momento em que Israel avança, radicaliza, acelera o genocídio contra o povo palestino, a bancada do PT no Senado seja cúmplice da aprovação desse projeto é uma vergonha.”
Em especial, criticou a justificativa dada pelo líder da bancada, senador Rogério Carvalho, de que a data aprovada não se referia ao governo Netanyahu, mas ao povo israelense. “Vamos nos transportar no tempo. Imagine essa explicação sendo dada no início dos anos 1940. Qual seria a explicação caso fosse aprovado pelo parlamento brasileiro um dia da amizade Brasil-Alemanha, com a Alemanha liderada por Hitler? Teria cabimento uma explicação desse tipo?”, questionou.
Para Altman, o que está em curso em Gaza é uma “solução final” promovida por Israel contra os palestinos — expressão usada para remeter à política nazista de extermínio de judeus. “Israel se decidiu por uma solução final contra o povo palestino na Faixa de Gaza. E esse será apenas o primeiro capítulo do que Israel fará na Cisjordânia e em outros países da região, se tiver mãos livres para tanto.”
Ao fim, Altman propôs a construção de uma campanha ampla da esquerda e dos movimentos populares, com o objetivo claro de pressionar o governo Lula a romper imediatamente as relações diplomáticas e comerciais com Israel. “Essa mobilização é fundamental”, concluiu. Assista:
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