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      “Os Estados Unidos ainda não abandonaram Israel, mas esse momento se aproxima”, diz Salem Nasser

      Jurista Salem Nasser analisa como Donald Trump acelera a decadência da hegemonia americana e aprofunda tensões com o sionismo

      (Foto: Reuters | Divulgação )
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Em entrevista ao programa 20 MINUTOS do canal Opera Mundi, conduzido pelo jornalista Breno Altman, o jurista e professor de direito internacional Salem Nasser abordou um tema sensível e de profundas implicações geopolíticas: as contradições crescentes na relação entre os Estados Unidos e Israel, em especial sob a presidência de Donald Trump.

      Segundo Nasser, há sinais concretos de uma inflexão histórica na tradicional aliança entre Washington e Tel Aviv. Ele aponta que, embora o lobby sionista continue “muito forte” nos Estados Unidos, movimentos internos têm pressionado por uma mudança de postura. “Nunca se pode exagerar a divisão entre Estados Unidos e Israel”, ressalvou o jurista. “Mas tem algo, eu acho, ligado à personalidade do Trump. Ele gosta de ser o alfa, o macho alfa. E ele não gosta que tenha mais ninguém que dê a impressão de dar ordens ao Trump.”

      O conflito de egos entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é uma das peças do tabuleiro que Nasser analisa. “O Netanyahu sempre se comportou com os presidentes americanos como quem mandava neles”, disse. “O Trump está dizendo: eu sou o alfa aqui.”

      Além da dimensão pessoal, Salem Nasser observa pressões crescentes do movimento America First, base política trumpista, contra o apoio ir a Israel. “Eles estão insistindo para dizer: ‘Olha, não é Israel primeiro, é América primeiro’. Esse movimento começa a crescer nos Estados Unidos e muita gente começa a ficar incomodada com o apoio a Israel.”

      Para o jurista, há uma mudança em curso no debate público norte-americano, antes impensável. “Tem coisas que eram impossíveis e que estão acontecendo nos Estados Unidos. Gente do mainstream falando mal de Israel, dizendo que os Estados Unidos não deveriam mais financiar, dizendo que os Estados Unidos estão respondendo mais aos interesses israelenses do que aos americanos.”

      Salem também chama atenção para o descomo estratégico entre Trump e Netanyahu. “O Netanyahu insiste em continuar com todos os seus projetos, continua a bombardear Gaza. Ele não quer um cessar-fogo, quando o Trump quer o cessar-fogo. Ele continua a querer atacar o Irã quando o Trump parece que não quer isto.”

      A juventude norte-americana surge como um vetor fundamental dessa transformação. “Todos já sabem agora que mais de 50% da juventude americana não é só não apoia Israel, mas acha que Israel é uma má ideia. Já acham que Israel não deveria nem existir.” Segundo o jurista, esse deslocamento geracional pode, no longo prazo, criar as condições para uma ruptura. “Ainda não chegamos ao momento em que Israel será abandonado pelos Estados Unidos, mas esse momento se aproxima.”

      Mesmo assim, Nasser não vê esse possível abandono como fruto de uma decisão moral ou estratégica bem elaborada, mas de uma necessidade de sobrevivência do próprio poder americano. “Acho que é possível, mas vai ser mais por uma questão de sobrevida do próprio poder americano do que, digamos, uma decisão sábia em relação ao Oriente Médio.”

      Questionado por Altman sobre a repressão a ativistas pró-Palestina nos campi universitários, em paralelo a essa possível inflexão, Nasser reconhece a contradição, mas a interpreta como sintoma da crise de hegemonia. “O Trump castiga a Europa por não permitir liberdade de expressão para quem é da extrema direita, mas faz repressão a qualquer pessoa ou instituição que apoie a Palestina. Isso sim acontece e é muito forte.”

      Para o jurista, essa repressão, longe de fortalecer a posição dos Estados Unidos, expõe sua fragilidade. “É algo sem precedentes. Talvez só no macartismo. Mas perceba como isso solapa o poder americano, porque até ontem a gente dizia: ‘Lá você pode falar o que quiser’. Mas aí você descobre que, em relação à Palestina, não. O mundo percebe que caíram as máscaras.”

      Salem conclui que o endurecimento repressivo nos Estados Unidos é “a reação violenta de quem percebe que é um animal ferido”. A seu ver, o enfraquecimento do poder global norte-americano torna mais plausível um distanciamento futuro em relação a Israel, ainda que essa mudança não se dê sem resistência e rupturas internas. Assista: 

       

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