EUA: pesquisa aponta preocupação popular com gestão do governo Trump em surto de sarampo

247 - Os Estados Unidos estão atualmente enfrentando seu maior surto de sarampo em 25 anos, com o número de casos ultraando a marca de 1.000 na semana ada.

A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola previne 97% dos casos após duas doses, e a alta adoção da vacina tríplice viral resultou na declaração de erradicação da doença nos EUA em 2000. No entanto, as taxas de vacinação entre crianças nos EUA caíram nos últimos anos, o que os especialistas atribuem ao ceticismo e à desinformação em relação à vacina.

A grande maioria dos americanos ainda considera a vacina tríplice viral segura. Cerca de 86% dos entrevistados na última pesquisa Reuters/Ipsos disseram que ela era segura para crianças, uma parcela ligeiramente superior aos 84% ​​que afirmaram o mesmo em uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada em maio de 2020, nos primeiros meses da pandemia de COVID-19 . Cerca de 13% dos entrevistados na última pesquisa disseram que a vacina não era segura para crianças, um aumento em relação aos 10% de cinco anos antes.

A última pesquisa, que entrevistou 1.163 adultos norte-americanos em todo o país, teve uma margem de erro de 3 pontos percentuais.

Especialistas em doenças infecciosas temem que os comentários do Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr. , que deu mensagens confusas sobre a gravidade da doença e a segurança e eficácia da vacina, possam exacerbar ainda mais a hesitação em relação à vacina.

O Dr. Sean O'Leary, presidente do Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria, disse que ficou encorajado pelo alto nível de confiança na vacina tríplice viral, dada a mensagem do governo Trump.

"Eu me sinto um pouco melhor sabendo que o público está reconhecendo que muitas das informações que estão vendo agora da istração não são precisas", disse O'Leary.

Kennedy, que se tornou a principal autoridade de saúde do país em fevereiro, diz que não se opõe às vacinas , que, segundo ele, são a melhor maneira de prevenir o sarampo.

"O secretário Kennedy e o HHS distribuíram milhares de doses da vacina tríplice viral e promoveram repetidamente a vacinação contra o sarampo em entrevistas à mídia, postagens em redes sociais e declarações públicas", disse o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, em um e-mail.

DEVER DE VACINAR CRIANÇAS

Cerca de 76% dos entrevistados na pesquisa Reuters/Ipsos — incluindo a maioria de republicanos e democratas — concordaram com a declaração de que era dever de todos os pais vacinar seus filhos contra o sarampo.

Esse "é um número menor do que eu imaginava, considerando que as crianças não podem se defender e todos os pais têm o dever de fazer o que for melhor para protegê-las", disse Tina Tan, professora de doenças infecciosas pediátricas na Universidade Northwestern e presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas da América.

Um em cada quatro republicanos discordou da afirmação de que os pais têm o dever de vacinar seus filhos.

No ano letivo de 2019-2020, 95,2% dos alunos do jardim de infância em todo o país completaram a série de duas doses da vacina tríplice viral, acima do limite de 95% necessário para proteger indivíduos não vacinados contra a doença altamente contagiosa por meio da imunidade de rebanho, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

As taxas de vacinação contra o sarampo caíram para 92,7% em 2023-2024.

Dentro dos estados, bolsões de populações não vacinadas levaram a taxas de vacinação ainda mais baixas. No Condado de Gaines, Texas , epicentro de um surto que infectou mais de 700 pessoas e matou duas crianças não vacinadas, apenas 82% das crianças do jardim de infância estão totalmente vacinadas.

O surto no Texas se espalhou para Kansas, Oklahoma e Novo México, onde um adulto morreu da doença.

O Dr. Amesh Adalja, acadêmico do Centro Johns Hopkins para Segurança em Saúde, disse que a maioria dos americanos se sente confortável com a vacina tríplice viral, o que se reflete nas altas taxas de vacinação.

O problema, ele disse, é que os números nacionais de vacinação podem mascarar bolsões de cobertura vacinal muito baixa.

"É isso que nos torna muito vulneráveis", disse Adalja.

Cerca de 55% dos entrevistados na pesquisa Reuters/Ipsos disseram estar preocupados com surtos de sarampo — o mesmo número dos que se preocupavam em serem demitidos e bem abaixo dos 80% que se preocupavam com o aumento da inflação.

Apenas 32% dos entrevistados na pesquisa disseram acreditar que o governo Trump interromperia o surto atual e impediria que o sarampo se tornasse uma doença comum novamente.

Reportagem de Jason Lange em Washington e Julie Steenhuysen em Chicago; Edição de Scott Malone, Stephen Coates, Mark Porter e Bill Berkrot