Ex-presidente da África do Sul critica aproximação de Ramaphosa com os EUA: “Não aceitaremos soluções de quem nunca pisou aqui”
Ex-presidente sul-africano acusa atual governo de submeter soberania nacional aos interesses estrangeiros em meio a crise interna
247 - O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma lançou duras críticas à recente ofensiva diplomática de Cyril Ramaphosa nos Estados Unidos, acusando o atual governo de comprometer a soberania do país ao buscar apoio externo para resolver problemas internos. A declaração foi feita durante um comício de sua legenda, o uMkhonto weSizwe (MK), na região de KwaMaphumulo, no último fim de semana. As informações são da imprensa internacional.
Zuma questionou abertamente a decisão de Ramaphosa de liderar uma delegação ministerial à capital norte-americana em meio ao agravamento das tensões diplomáticas com o governo do presidente Donald Trump. “Por que devemos esperar que estranhos, sentados em Washington, entendam o que estamos ando?”, disparou Zuma, em meio a aplausos. “Conhecemos melhor os nossos problemas. Somos nós que devemos resolvê-los.”
A viagem à Casa Branca teve como objetivo principal a tentativa de reaproximação com Washington e a busca por investimentos em áreas estratégicas da economia, pressionada pela estagnação, pelo desemprego e pela violência crescente. A comitiva também se reuniu com líderes empresariais e defendeu parcerias tecnológicas, ao mesmo tempo em que rebateu críticas de autoridades norte-americanas sobre supostas violações de direitos humanos e má gestão em setores essenciais do Estado sul-africano.
O governo Ramaphosa classificou as declarações de Washington como “retórica inflamada” e reiterou seu compromisso com os princípios democráticos. No entanto, para Zuma, o gesto representa um ato de desespero de uma istração desconectada da realidade social do país. “Você pode fazer quantas reuniões quiser com os americanos, mas não aceitaremos soluções vindas de quem nunca pisou em nossas comunidades”, afirmou o ex-presidente.
Sem mencionar diretamente o nome de Ramaphosa, Zuma deixou claro o alvo de sua crítica ao denunciar a busca por aval estrangeiro para lidar com desafios locais. A fala ecoa o sentimento de desconfiança crescente entre setores da população sul-africana em relação à influência internacional e à falta de respostas efetivas do governo diante das desigualdades persistentes.
Jacob Zuma tem intensificado sua presença pública sob a bandeira do MK, partido que tenta se consolidar como alternativa ao Congresso Nacional Africano (ANC), legenda histórica que o próprio Zuma presidiu. Sua atuação recente tem atraído setores insatisfeitos com o rumo político do país, especialmente nas periferias urbanas e comunidades empobrecidas.
Analistas políticos afirmam que a retórica nacionalista de Zuma tem apelo entre os que se sentem abandonados pelo governo atual. “Isso é típico de Zuma”, avalia a comentarista Thandi Maseko. “Ele está falando com uma base que se sente traída pela liderança atual e desconfia das agendas externas.”
O governo sul-africano, até o momento, não respondeu oficialmente às críticas. Assessores de Ramaphosa, contudo, continuam a defender a viagem aos Estados Unidos como medida estratégica para restaurar a confiança de investidores e estreitar laços diplomáticos.
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