Lula anuncia pacote bilionário de investimentos chineses no Brasil, com destaque para chips e setor de entregas
Presidente divulgará nesta segunda, em Pequim, aportes de empresas como Longsys, Meituan e Mixue; estimativa é de US$ 17 bilhões em investimentos em 2025
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar nesta segunda-feira (12), em Pequim, um pacote robusto de investimentos chineses no Brasil, com foco em tecnologia, logística, alimentação e energia. A informação é do jornal Folha de S.Paulo. O anúncio será feito durante um seminário empresarial organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), e deve marcar uma nova etapa na relação bilateral entre os dois países.
Entre os destaques da lista está a fabricante de semicondutores Longsys, que planeja instalar unidades em São Paulo e Manaus. Também figura a Meituan, gigante do setor de entregas, que levará ao Brasil seu braço internacional Keeta, e a rede de chás, sucos e sorvetes Mixue, considerada hoje a maior cadeia de fast food do mundo — ultraando o McDonald’s em número de lojas. A expansão da Mixue no Brasil é avaliada em R$ 3,2 bilhões.
Outros aportes significativos incluem o grupo Envision, com investimento de R$ 5 bilhões em combustível sustentável de aviação (SAF); a Baiyin Nonferrous, com a aquisição de uma mina de cobre em Alagoas; e o aplicativo de transporte DiDi (dono da 99), com foco na eletrificação de sua frota no Brasil. Além disso, três companhias chinesas firmaram parceria com a Nortec Química para produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs).
Há ainda tratativas avançadas para uma parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e a brasileira Eurofarma, segundo adiantou um executivo da empresa ouvido no domingo (11) pela Folha.
"É impressionante a dinâmica que a relação do Brasil com a China está adquirindo", afirmou Jorge Viana, presidente da Apex. Segundo ele, os anúncios programados para o evento somam cerca de US$ 17 bilhões apenas em 2025. “Isso nunca aconteceu”, declarou.
Além dos aportes chineses no Brasil, Viana também destacou o fluxo inverso de investimentos. A BR Foods, por exemplo, deve inaugurar no dia 15 de maio uma fábrica na China voltada à produção de hambúrgueres, nuggets e bacon, usando carne brasileira. “Traz a carne do Brasil, processa e distribui aqui”, explicou.
Somando comércio e investimentos, Viana estima que o fluxo bilateral entre os dois países pode alcançar “um trilhão de reais, a marca trilionária”. No seminário desta segunda, estão previstas falas de autoridades brasileiras, como o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, e do próprio Lula, além de representantes de grandes grupos chineses como BYD, Cofco e Luckin.
O evento, solicitado há apenas dez dias, deve contar com 500 empresários chineses e 200 brasileiros, superando a capacidade planejada, segundo a Apex.
A visita de Lula à China também reforça a cooperação em setores estratégicos. Para Zhou Zhiwei, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, “a cooperação em semicondutores é algo que vale muito a pena ser observado”. Ele destacou que a China já percorreu um caminho independente em pesquisa e desenvolvimento, e que o Brasil também possui políticas para impulsionar a indústria. “Portanto, pode ser uma área prioritária para cooperação científica e tecnológica entre os dois países”, afirmou.
Zhou também mencionou que o desejo brasileiro de fortalecer sua independência tecnológica e melhorar a infraestrutura — incluindo ferrovias entre o Atlântico e o Pacífico — pode ser catalisado pela aproximação com a Iniciativa Cinturão e Rota, liderada pela China. “Eu espero que esta visita contribua para o o do Brasil à Iniciativa”, disse.
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