China propõe ampliar parceria estratégica com a América Latina e critica unilateralismo dos EUA
Diplomata chinês defende multilateralismo e cita projetos conjuntos como exemplos da cooperação com países da CELAC, como Brasil e Bolívia
247 - A China quer aprofundar seus laços com os países da América Latina e do Caribe, com foco na defesa do multilateralismo e no fortalecimento de uma parceria estratégica baseada em interesses comuns. Em entrevista coletiva concedida neste domingo, 11, o ministro assistente das Relações Exteriores da China, Miao Deyu, afirmou que o país asiático está pronto para “fortalecer a coordenação” com os membros da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e contribuir com um modelo de cooperação que respeite a soberania e as necessidades locais. As declarações foram divulgadas pela mídia estatal chinesa e ocorrem às vésperas da quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, que será realizada em Pequim, nesta terça-feira, 13 de maio.
Ao comentar o cenário geopolítico global, Miao criticou duramente a postura dos Estados Unidos, que segundo ele têm recorrido a tarifas comerciais como forma de "pressão extrema" sobre parceiros internacionais. “Este é um ato típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica que serve aos interesses hegemônicos egoístas dos EUA em detrimento dos interesses legítimos de países ao redor do mundo”, afirmou. Para o governo chinês, a construção de uma ordem internacional mais justa a por iniciativas que priorizem o diálogo, o comércio justo e o desenvolvimento sustentável.
Durante a entrevista, o diplomata antecipou os principais eixos da chamada "Carta de Pequim", documento que será resultado do encontro e estabelecerá um plano de ação para os próximos três anos. “Buscará aprofundar a cooperação abrangente entre a China e a CELAC”, explicou Miao, ao destacar setores prioritários como inteligência artificial, telecomunicações, energia limpa e exploração espacial. “A China está pronta para ajudar os países latino-americanos a avançar em cadeias de valor e tecnologia”, disse.
Miao também apresentou exemplos de projetos que já expressam a aliança estratégica entre Pequim e a região. Ele citou a primeira siderúrgica da Bolívia, construída com apoio chinês, e o parque industrial em Trinidad e Tobago. Segundo o diplomata, mais de 200 projetos de infraestrutura financiados pela China já foram lançados na América Latina, “criando milhões de empregos e impulsionando a industrialização”.
“O que promovemos é uma cooperação inclusiva, sem exclusões e baseada no respeito”, afirmou. Ele destacou ainda o impacto social dessas iniciativas, como o projeto de transmissão de energia de Belo Monte, que beneficiou mais de 22 milhões de brasileiros, e a nova Biblioteca Nacional de El Salvador, considerada uma das mais modernas da América Central e construída com financiamento chinês.
A reunião desta semana em Pequim deve reunir representantes de alto nível dos dois lados do Pacífico. Estão confirmadas as presenças dos presidentes da China, Xi Jinping; do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; do Chile, Gabriel Boric; e da Colômbia, Gustavo Petro, que desde abril ocupa a presidência pro tempore da CELAC. Também são esperados 17 chanceleres latino-americanos.
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