Montadoras alertam para risco de paralisação por escassez de ímãs de terras raras da China
Fabricantes de veículos afirmam que restrições chinesas podem interromper produção em poucas semanas e pressionam governo Trump por resposta
247 - Executivos das principais montadoras globais alertaram o governo dos Estados Unidos para o risco iminente de interrupção nas linhas de montagem de veículos em razão das restrições impostas pela China às exportações de ímãs de terras raras.
A informação foi publicada pela agência Reuters, com base em carta enviada em 9 de maio à istração do presidente Donald Trump.
No documento, a Aliança para Inovação Automotiva — que representa gigantes como General Motors, Toyota, Volkswagen e Hyundai — e a associação MEMA, que congrega fornecedores do setor, expressam “profunda preocupação” com a escassez desses componentes.
“Sem o confiável a esses elementos e ímãs, os fornecedores automotivos não poderão fabricar componentes essenciais”, escreveram as entidades, listando entre eles “motores de limpadores de para-brisa, sensores de freio ABS, alternadores, transmissões automáticas, sistemas de direção elétrica, câmeras, alto-falantes e cintos de segurança”.
Segundo os representantes da indústria, a consequência pode ser imediata: “Em casos graves, isso pode incluir a necessidade de reduzir volumes de produção ou até a paralisação de linhas de montagem”, advertiram.
Em entrevista à Reuters, os presidentes das duas associações, John Bozzella (Aliança) e Bill Long (MEMA), reforçaram que o problema persiste. Ambos agradeceram o “envolvimento direto da istração Trump” e destacaram a atuação de autoridades como o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer, que abordaram o tema em negociações recentes com representantes chineses, realizadas em Genebra.
No entanto, a solução ainda parece distante. Em declaração à emissora CNBC, Greer afirmou que Pequim concordou em suspender as restrições, mas não está cumprindo o prometido. “Ainda não vimos o fluxo desses minerais críticos como deveria estar ocorrendo”, afirmou.
A China domina mais de 90% da capacidade global de refino dos ímãs permanentes usados em setores estratégicos, como indústria automotiva, aviação militar e eletrodomésticos. Desde abril, o governo chinês ou a exigir que empresas obtenham licenças específicas para exportar esses itens. O novo processo, considerado opaco e excessivamente burocrático, exige documentação extensa — em alguns casos, centenas de páginas.
O impacto foi imediato. As exportações de ímãs de terras raras da China caíram pela metade em abril, de acordo com dados citados pela Reuters. A alemã Bosch, uma das maiores fornecedoras de autopeças do mundo, relatou que seus fornecedores enfrentam entraves significativos. Um porta-voz da empresa classificou os trâmites como “complexos e demorados”.
A escassez também atinge outros países: montadoras indianas afirmaram que, sem a obtenção das licenças nas próximas semanas, terão de interromper a produção a partir de junho. Algumas poucas autorizações já foram concedidas, incluindo a fornecedores da Volkswagen, mas a lentidão do processo tem gerado crescente frustração entre os setores afetados.
Na última sexta-feira, o presidente Donald Trump acusou a China de “violar totalmente” o acordo firmado neste mês, que previa a suspensão temporária de tarifas e outras barreiras comerciais. Em publicação na rede Truth Social, ele escreveu: “A China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO”.
Em resposta, a embaixada chinesa em Washington rebateu a acusação e afirmou que os Estados Unidos estão abusando de controles de exportação, especialmente no setor de semicondutores. Fontes do governo americano disseram à Reuters que as tratativas de Genebra abordaram apenas tarifas e contramedidas não tarifárias da China, não incluindo as restrições dos EUA a exportações sensíveis.
O ime deve ampliar as tensões comerciais entre Washington e Pequim, que há anos travam disputas por cadeias produtivas estratégicas. Caso a liberação das licenças não seja agilizada, autoridades americanas já cogitam adotar retaliações, sobretudo se montadoras forem forçadas a interromper sua produção por falta de materiais críticos.
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