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      "Rússia e Irã preparam xeque-mate geopolítico contra o Ocidente", diz Pepe Escobar

      Em nova edição do Pepe Café, jornalista relata avanço estratégico do corredor logístico que une três países dos BRICS

      (Foto: Brasil247)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A mais recente edição do Pepe Café, publicada no YouTube sob o título “EUA-Rússia e EUA-Irã: xeque-mate no Ocidente coletivo” (assista aqui), traz uma densa análise geopolítica do jornalista Pepe Escobar. De volta de uma viagem ao Irã e às vésperas de retornar à Rússia, Escobar revela bastidores de negociações paralelas entre Moscou e Washington, além do papel central desempenhado por Teerã na articulação de uma nova ordem logística e comercial no eixo eurasiático. Para ele, Rússia e Irã caminham para aplicar um “xeque-mate geopolítico contra o Ocidente coletivo”, com apoio decisivo da China e da Índia.

      Segundo Escobar, o telefonema de mais de duas horas entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin foi o ponto alto da movimentação diplomática da semana. Ele destaca que “Trump não respeita praticamente ninguém no cenário internacional, mas ele respeita Putin”. Na conversa, os dois líderes teriam discutido os termos de um possível cessar-fogo na Ucrânia, com base em um memorando em elaboração pelos dois lados — sobretudo por parte da diplomacia russa.

      O jornalista narra que a delegação russa, liderada por Vladimir Medinski, deixou claro à contraparte ucraniana, em encontro anterior em Istambul, que uma rendição agora seria menos dolorosa do que nos termos das próximas rodadas de negociação. “A política externa de Trump 2.0 não é uma estratégia, é a tentativa de arrancar acordos na base do improviso”, comentou Escobar. Ele ressalta que Kiev é hoje “bucha de canhão e espectador”, e que a União Europeia e a OTAN seguem insistindo em uma guerra que já está perdida, por não poderem recuar sem reconhecer sua derrota.

      O corredor Norte-Sul: alternativa ao sistema financeiro ocidental

      A viagem ao Irã teve como objetivo central a cobertura do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, uma rota estratégica que conecta São Petersburgo, na Rússia, a Mumbai, na Índia, cruzando o Mar Cáspio e todo o território iraniano. Escobar percorreu boa parte desse trajeto e reuniu-se com especialistas, autoridades portuárias e empresários envolvidos no projeto. “Esse corredor une três BRICS — Rússia, Irã e Índia — num esforço geoeconômico monumental”, afirmou.

      O jornalista detalha que, diante do bloqueio imposto pelas sanções ocidentais, Rússia e Irã apostam na criação de rotas alternativas para escoar suas commodities e receber mercadorias asiáticas. Portos como Bandar Anzali, Bandar Abbas e Chabahar têm papel estratégico nessa engenharia. Chabahar, em especial, deve se tornar o principal nó de ligação comercial com a Índia e, por extensão, com a Ásia Central e o Afeganistão.

      Escobar destaca ainda o interesse russo em investir diretamente em infraestrutura ferroviária no território iraniano, diante da precariedade das instalações herdadas dos anos 1970. “Os russos querem esse corredor pronto o quanto antes e estão dispostos a bancar essa modernização”, explicou.

      Irã responde a ameaças dos EUA: “Ninguém vai vender petróleo”

      Outro foco da análise de Pepe Escobar é a tensão crescente entre Teerã e Washington. Trump, segundo ele, voltou a ameaçar bloquear as exportações de petróleo iraniano. A resposta do presidente iraniano Masoud Pezeshkian foi clara: “Se vocês bloquearem o Irã de vender petróleo, ninguém vai vender petróleo”. A insinuação é de que o Irã poderia fechar o estratégico estreito de Ormuz, por onde a boa parte do petróleo global.

      Escobar sobrevoou a região e relatou que a simples possibilidade de bloqueio ao estreito poderia levar ao “colapso da economia global em questão de dias”, com o preço do barril atingindo US$ 200 ou até US$ 500. Para ele, essa é uma carta que o Irã guarda com cautela, mas que poderia ser jogada em caso de agressão direta por Israel ou pelos Estados Unidos.

      Exigências inaceitáveis: Washington insiste em condições que ferem soberania iraniana

      Pepe Escobar também afirma que as negociações indiretas entre Irã e EUA continuam ocorrendo em Omã, mas esbarram em três exigências vistas como inegociáveis por Teerã: o fim do programa de mísseis e drones, a interrupção do apoio ao chamado eixo da resistência (Hezbollah, milícias iraquianas e houthis) e o desmonte definitivo do programa nuclear. “São exigências absurdas que atacam diretamente a soberania do Irã”, afirma o analista.

      Fontes iranianas próximas ao líder supremo Ali Khamenei disseram a Escobar que Teerã já olha prioritariamente para o leste e para a Eurásia. “A gente tem entre nossos principais parceiros três BRICS: Rússia, China e Índia”, teria dito um interlocutor. O Irã aposta agora em sua integração plena à aliança dos BRICS como alternativa sólida ao sistema dominado pelo dólar e pelas pressões do Ocidente.

      O colapso da estratégia ocidental

      Para Pepe Escobar, o Ocidente coletivo — especialmente a União Europeia e a OTAN — está diante de uma derrota irreversível, ainda que não reconhecida. “Essa guerra já foi perdida. O que falta definir são os termos da derrota humilhante”, sentencia. O reconhecimento desse fracasso significaria a desintegração política da OTAN e da própria UE.

      Enquanto isso, Rússia e Irã avançam com planos geoeconômicos de longo prazo, alinhados a parceiros estratégicos como China e Índia. “O que vimos no Irã foi um laboratório de transformação. Esse corredor vai moldar o século XXI”, conclui.

      A nova edição do Pepe Café mostra que, longe dos holofotes da mídia ocidental, um novo tabuleiro está sendo montado no coração da Eurásia. Com diplomacia paciente, alianças estratégicas e projetos logísticos robustos, Rússia e Irã desafiam as velhas estruturas do poder global e ensaiam um xeque-mate contra a ordem estabelecida pelo Ocidente desde o fim da Guerra Fria. Assista:

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