'É impressionante ver o Brasil crescendo com uma taxa de juros de 14,75%', destaca Cappelli
Presidente da ABDI diz ser necessário ‘enfrentar o rentismo, que desloca o dinheiro da produção para o sistema financeiro’
247 - Durante o Fórum Nova Indústria Brasil, realizado nesta segunda-feira (26) em comemoração ao Dia da Indústria, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, fez duras críticas à política de juros praticada no país. O evento, promovido pelo Brasil 247 em parceria com o BNDES e a Agenda do Poder, reuniu lideranças políticas, empresariais, sindicais e intelectuais para discutir os caminhos da reindustrialização nacional.
Cappelli destacou o desempenho positivo da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025, mas ponderou que os avanços ocorrem apesar do que considera um ambiente hostil ao investimento produtivo. “O Brasil criou 576 mil empregos entre janeiro e fevereiro, sendo 140 mil deles na indústria e 133 mil especificamente na indústria de transformação. O saldo é 20% superior ao mesmo período do ano ado”, pontuou. Ele ainda ressaltou que a indústria foi o segundo maior setor gerador de empregos no início do ano, atrás apenas do setor de serviços.
PIB em alta e produção industrial em crescimento - Os sinais de recuperação da indústria também aparecem na atividade econômica. “A prévia do PIB no primeiro trimestre aponta crescimento de 1,3%, e os dados de março mostram que a indústria de transformação cresceu mais de dois pontos percentuais”, afirmou. Para o presidente da ABDI, são resultados significativos, mas que ganham peso ainda maior diante do elevado custo do capital. “É impressionante ver o Brasil crescendo, se desenvolvendo, com uma taxa de juros real de mais de 9% ao ano".
‘Nada justifica uma taxa de 14,75%’ - Cappelli criticou diretamente o patamar atual da taxa básica de juros da economia. “Não há nada que explique uma taxa de juros no Brasil de 14,75%, e ainda estão dizendo que pode subir. Isso é uma questão central do Brasil. A gente tem que debater isso”, defendeu. Ele alertou que os juros altos atuam como um entrave ao desenvolvimento e à reindustrialização. “Essa taxa funciona como um freio de mão para o desenvolvimento nacional e a indústria brasileira".
O presidente da ABDI também rebateu o argumento de que o nível de juros seria necessário para o equilíbrio fiscal. “Ano ado, o ministro Haddad entregou um déficit primário praticamente de zero. Mesmo assim, com essa taxa, vamos pagar mais de R$ 1 trilhão de serviços da dívida este ano”, advertiu.
Crítica ao rentismo e defesa da reindustrialização - Para Cappelli, o debate sobre o custo do capital deve ser central na agenda da reindustrialização. “Nada é mais importante que isso”, afirmou, lembrando que a política industrial está em curso, com o programa Nova Indústria Brasil, e já apresenta resultados. “Estamos avançando, a indústria voltou a crescer, agora tem política. Mas ainda estamos tentando recuperar os níveis de produtividade e crescimento que tínhamos em 2013-2014".
A razão dessa dificuldade, segundo ele, é clara: “na minha opinião, isso ocorre porque não enfrentamos de forma clara a questão do rentismo, que desloca o dinheiro da produção para o sistema financeiro. Essa é uma questão central".
Potencial da Margem Equatorial e responsabilidade socioambiental - Ricardo Cappelli também defendeu a exploração de recursos naturais como forma de impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento, desde que respeitando critérios socioambientais. “O Brasil confia na responsabilidade socioambiental da Petrobras e a gente não pode abrir mão de explorar nossas riquezas, como a Margem Equatorial”, disse. Para ele, essa exploração pode transformar economicamente o norte do país. “A Margem Equatorial muda o Amapá, o Pará, o Maranhão, o Piauí, o Ceará e o Rio Grande do Norte, gerando um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil.”
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