Uallace Moreira: política industrial deve ser política de estado

247 – Durante a celebração do Dia da Indústria no BNDES, realizada com apoio do Brasil 247, da TV 247 e da Agenda do Poder, o secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, fez uma contundente defesa da política industrial como instrumento essencial para o crescimento sustentável do Brasil.

Em sua intervenção, Moreira abordou o desafio estrutural enfrentado pelo país há décadas: “O Brasil não está preso à armadilha da renda média por mais de 40 anos à toa. Os países que tiveram êxito em ultraar essa armadilha foram os que adotaram políticas industriais. Nós precisamos, podemos e acredito muito que estamos plantando a semente para que isso aconteça.”

Crítica ao desmonte da política industrial e defesa da reconstrução

O secretário lembrou que o país enfrentou um período de seis anos sem política industrial ativa, o que causou retrocessos severos na estrutura produtiva nacional. “Ao abdicar de política industrial, nós incorporamos um discurso dos anos 1980 que dizia que a melhor política industrial é não ter política industrial. E o Brasil pagou um preço muito alto: desindustrialização e fragilidade de cadeias produtivas”, destacou.

Segundo ele, o abandono de instrumentos como compras públicas, conteúdo local, margem de preferência e linhas de crédito específicas, como as atreladas à TR, comprometeu seriamente a capacidade do país de inovar e competir. “A destruição pode ser feita num espaço temporal muito curto, mas a construção demanda tempo e muito diálogo. E é isso que o vice-presidente Geraldo Alckmin vem fazendo com muita transparência.”

Nova Indústria Brasil e o “Plano Mais Produção”

Uallace Moreira destacou que a Nova Indústria Brasil (NIB) está estruturada com base em missões e 25 cadeias produtivas estratégicas, voltadas à construção de uma indústria de futuro. “Não podemos ficar reféns apenas do crescimento puxado pela demanda. Precisamos de crescimento puxado pela oferta, com base em uma revolução tecnológica guiada pela indústria 4.0”, afirmou.Um dos pilares dessa estratégia é o Plano Mais Produção, articulado pelo governo federal com a participação de instituições como BNDES, Banco do Brasil, FINEP, BASA, BNB, Caixa e Embrapii. Lançado inicialmente com R$ 300 bilhões em crédito, o plano foi ampliado para R$ 548 bilhões após a incorporação de novos bancos públicos.

“Se o agronegócio tem um êxito hoje de ser competitivo, não é por uma vantagem comparativa herdada, ela é construída. Garanto que, se a indústria brasileira tivesse um instrumento como este, ela também estaria na fronteira da competitividade internacional”, afirmou Moreira.

Resultados já visíveis e apelo por continuidade

O secretário anunciou que já foram desembolsados mais de R$ 400 bilhões em crédito industrial desde o lançamento do plano, o que contribuiu diretamente para o crescimento de 3,8% da indústria no último período. Nos próximos dias, será apresentado um balanço detalhado dos investimentos realizados, por missão, setor, estado e região.

Encerrando sua fala, Uallace Moreira fez um apelo para que a Nova Indústria Brasil seja reconhecida como uma política de Estado, e não apenas de governo. “Qualquer governo que tem o mínimo de responsabilidade com o desenvolvimento econômico do país vai prezar pela manutenção da política industrial de inovação construída neste governo”, disse.

A celebração no BNDES marcou um importante momento de reflexão sobre o papel estratégico da indústria para o futuro do Brasil — e Uallace Moreira foi categórico ao afirmar que esse futuro a, necessariamente, por uma política industrial forte, contínua e estruturante. Assista: