Eduardo Bolsonaro vê cerco se fechando no Brasil e pode ficar nos EUA
Parlamentar licenciado já planeja fazer campanha eleitoral à distância em 2026
247 - Aliados do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) consideram irreversível sua permanência nos Estados Unidos e já articulam uma possível candidatura à distância nas eleições de 2026. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo e reflete a avaliação do entorno de Eduardo após a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O deputado deixou o Brasil em março, quando ainda não era alvo de investigação, alegando temer uma possível apreensão de seu aporte. À época, o gesto causou estranhamento até mesmo no núcleo político de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), por ser interpretado como um movimento de fuga. Agora, com o avanço do inquérito, aliados dizem que Eduardo ganhou um novo argumento: o de que estaria sendo perseguido judicialmente.
A licença de Eduardo na Câmara foi solicitada por "interesse particular", conforme prevê o regimento interno da Casa, e tem validade de 122 dias — prazo que se encerra em 22 de julho. Após esse período, o deputado poderia faltar a até um terço das sessões, antes de haver risco de cassação por faltas. Contudo, cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidir sobre a aplicação dessas penalidades, o que abre margem para manobras.
Eduardo é investigado por ter atuado junto a autoridades do governo dos Estados Unidos com o objetivo de pressionar por sanções contra integrantes do STF, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal. O inquérito foi instaurado após pedido do procurador-geral Paulo Gonet, que mencionou diretamente as ações do parlamentar para tentar convencer o governo do presidente Donald Trump a adotar medidas contra Moraes.
Entre os crimes apontados estão coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. Gonet ainda afirmou que Jair Bolsonaro é o “responsável financeiro pela manutenção” de Eduardo e seus familiares no exterior, o que pode se tornar um novo ponto de pressão caso o STF decida bloquear bens do ex-presidente.
Em uma reunião virtual com líderes da oposição na Câmara, realizada na última terça-feira (27), Eduardo participou remotamente para comentar a abertura do inquérito. Segundo relatos, o deputado disse que “o cerco está se fechando contra o bolsonarismo” e orientou os colegas a manterem atenção. Para o grupo, o avanço da investigação seria uma forma de “perseguição política”, o que, paradoxalmente, poderia reforçar argumentos junto ao governo dos EUA para acelerar sanções contra autoridades brasileiras.
De acordo com pessoas próximas, Eduardo Bolsonaro avalia a permanência nos EUA até mesmo durante o processo eleitoral de 2026. Um dos aliados afirma que há “95% de chance” de ele não voltar ao Brasil, a não ser que ocorra uma mudança radical no cenário político e jurídico — algo considerado improvável. A hipótese de campanha remota ao Senado é discutida no grupo.
Ainda assim, a decisão definitiva dependerá de sua esposa, que demonstrou relutância em retornar ao país. A indefinição também alimenta especulações dentro do PL. Uma das alternativas seria lançar Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, como candidato ao Senado por São Paulo, transferindo seu domicílio eleitoral. Outra possibilidade levantada é a candidatura do deputado Marco Feliciano (PL-SP), que já ensaiou disputar o Senado na eleição anterior.
Desde que se filiou ao PL, Jair Bolsonaro tem afirmado que uma de suas prioridades é construir uma bancada majoritária no Senado. O objetivo seria aprovar medidas para reduzir o poder do STF e até viabilizar pedidos de impeachment contra ministros da Corte. Em meio ao avanço do inquérito e à permanência de Eduardo no exterior, as movimentações para manter a estratégia política da família Bolsonaro seguem em curso — agora com base em Miami.
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