Lula busca avançar com acordo Mercosul-União Europeia durante visita à França
Em junho, Lula terá reuniões com o presente da França, Emmanuel Macron, para discutir o avanço do tratado e a relação estratégica entre Brasil e França
247 - O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode se tornar um aliado indireto no avanço das negociações do acordo Mercosul-União Europeia, uma das prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Brasil espera concluir a do tratado ainda neste ano, durante a cúpula do Mercosul que será realizada em Brasília. O presidente Lula pretende impulsionar esse processo durante sua visita à França, marcada para ocorrer entre os dias 5 e 9 de junho de 2025.
Segundo a RFI, a expectativa do governo brasileiro é de que as políticas comerciais unilaterais e a imprevisibilidade do governo dos EUA ajudem a reduzir as resistências, principalmente da França, ao consenso necessário para o fechamento do acordo com os países europeus. Esse é um dos temas centrais da visita de Lula à França, onde ele se encontrará com o presidente Emmanuel Macron para discutir uma série de assuntos bilaterais, incluindo geopolítica, defesa e questões ambientais.
Além de encontros com autoridades sas, a agenda de Lula incluirá sua participação em um grande evento empresarial e na 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que acontecerá em Nice. Essa conferência, que será uma das últimas etapas antes da COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro, assume uma grande importância no contexto global de mudanças climáticas.
Um dos marcos dessa visita será a discussão sobre o Acordo de Paris, que completa uma década em 2025. O governo francês está organizando um evento especial para comemorar a data, alinhado à COP30. A França, embora não seja o principal parceiro comercial do Brasil na Europa, mantém uma presença significativa por meio de investimentos, especialmente em setores estratégicos como defesa.
Ainda de acordo com a reportagem, o projeto ProSub, uma parceria estratégica entre os dois países desde 2008, será um dos pontos de destaque nas conversas. Este projeto, que envolve o maior investimento em defesa do Brasil, com um orçamento em torno de R$ 40 bilhões, demonstra a profundidade da colaboração entre os dois governos.
A agenda de Lula está dividida em duas partes: a visita de Estado, de 5 a 7 de junho, e a participação na conferência em Nice, de 7 a 9 de junho, com a abertura oficial no dia 9. O acordo Mercosul-União Europeia estará no centro das discussões, com Lula pressionando pela até o fim de 2025.
Para que o tratado seja aprovado pelos europeus, ele precisa ar por duas instâncias cruciais: o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu. No Conselho, é necessário o apoio de 15 dos 27 países do bloco, representando pelo menos 65% da população. No Parlamento, basta uma maioria simples. A fase mais difícil da negociação deve ser no Conselho, mas o governo brasileiro acredita que o cenário internacional atual pode ajudar a superar as dificuldades.
A reportagem destaca, ainda, que a presidência dinamarquesa do Conselho Europeu é vista como uma vantagem para o Brasil, já que a Dinamarca é um dos países mais favoráveis ao pacto. Recentemente, até países tradicionalmente mais resistentes, como França, Polônia e Áustria, sinalizaram uma postura mais positiva, o que pode acelerar a conclusão de um processo que já se arrasta há mais de 25 anos. Esse acordo, se concretizado, representará um avanço significativo nas relações entre os dois blocos econômicos, especialmente em um momento de crescente disputa entre EUA e China pela influência na América Latina.
Outro tópico importante nas negociações entre Lula e Macron será a regulamentação das plataformas digitais, uma questão que ganha relevância à medida que os Estados Unidos defendem a não restrição dessas plataformas no mercado europeu, argumentando que isso afetaria empresas americanas. A União Europeia, na vanguarda desse processo regulatório, se aproxima do Brasil nesse tema, especialmente em um ano pré-eleitoral para o governo brasileiro, onde a transparência digital será um tema importante para o presidente Lula.
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