Lavrov critica Zelensky por vazar informações confidenciais
Ministro russo afirma que negociações sérias não podem ser discutidas publicamente e reafirma disposição de Moscou para um acordo com os Estados Unidos
247 – O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, por divulgar informações confidenciais relacionadas às negociações sobre o conflito em curso. Em entrevista à rede norte-americana CBS News, concedida na quinta-feira (24), Lavrov reforçou que Moscou prefere manter discrição até a conclusão das tratativas, destacando que “assuntos sérios” não devem ser discutidos publicamente.
"Somos pessoas realmente educadas. E, ao contrário de alguns outros, nunca discutimos em público o que está sendo tratado nas negociações. Caso contrário, as negociações não são sérias", afirmou Lavrov. O chanceler russo respondeu a uma solicitação para comentar a proposta de Washington para encerrar a guerra, reiterando que “até o fim das negociações, não podemos divulgar sobre o que se trata”.
Questionado sobre o andamento das tratativas, Lavrov foi cauteloso: "As negociações continuam". Ele acrescentou ainda que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acredita que as conversas “estão indo na direção certa” e indicou que ainda há "elementos específicos" que precisam ser ajustados antes de um acordo final.
Lavrov também ironizou Zelensky, sugerindo que aqueles interessados em obter detalhes deveriam procurá-lo: "Se quiserem saber a opinião de alguém sobre o conteúdo [da proposta de paz], perguntem a Zelensky. Ele está feliz em falar com qualquer pessoa pela mídia, até mesmo com o presidente Trump."
Na sexta-feira (25), o presidente russo, Vladimir Putin, reuniu-se com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, para discutir a retomada de negociações diretas entre Moscou e Kiev. Após o encontro de três horas, Trump declarou que a reunião havia sido um sucesso e que as partes estavam “muito próximas de um acordo”, apesar de reconhecer a existência de diferenças importantes.
De acordo com informações publicadas pela CBS News, a proposta apresentada por Washington incluiria o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, a manutenção do atual front como linha de congelamento do conflito, a aceitação informal da autoridade russa sobre quatro regiões ucranianas que votaram pela anexação à Rússia e a formalização da oposição à entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Apesar da movimentação diplomática, Zelensky reafirmou na sexta-feira que não aceitará sequer discutir o reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia. Ele defendeu que sua “visão” de uma resolução para o conflito envolve a intensificação de “sanções, pressão econômica e diplomática” contra Moscou — posicionamento que contraria a estrutura do plano norte-americano, que prevê uma retirada progressiva das sanções.
O presidente Trump, por sua vez, já havia responsabilizado anteriormente Zelensky pelas dificuldades nas negociações, acusando-o de fazer declarações públicas “inflamatórias” que prejudicariam as chances de um acordo. Trump alertou que Kiev corre o risco de “perder todo o país” caso continue a adotar uma postura de resistência diante de Moscou.
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