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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

      62 artigos

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      Mais uma vez a corrupção

      "O discurso golpista vem travestido de moralidade, invocando o velho falso moralismo da corrupção"

      O sociólogo Jessé Souza, goste-se dele ou não, dedica boa parte de sua obra a propor um debate instigante sobre o racismo no Brasil e o papel que ele desempenhou — e ainda desempenha — na construção do nosso país. Em linhas gerais, Jessé caracteriza o racismo como um instrumento ideológico criado para justificar a escravidão e, após seu fim jurídico, como uma tecnologia social que continua servindo para manter a população negra à margem: mão de obra barata, excluída de direitos e reconhecimento.

      Jessé critica duramente a ideia de “democracia racial” e os intelectuais que a criaram, defenderam, a propagaram e ainda a propagam. Combate a imagem romantizada de um Brasil miscigenado e cordial, argumentando que ela serve, na verdade, para encobrir a exclusão sistemática de negros e pobres dentro da estrutura social brasileira.

      Sua tese central — o racismo como tecnologia de dominação — aponta para uma ação deliberada das elites, que utilizam essa estrutura para manter seus privilégios intactos. Em uma sociedade como a nossa, onde classe e raça se entrelaçam, a cor da pele e a origem social determinam as chances de ascensão e o “reconhecimento social” de cada indivíduo. As elites, segundo Jessé, usam o racismo como justificativa para a desigualdade, culpabilizando os pobres e os negros por suas próprias condições de vida.

      Sempre que esses privilégios são ameaçados — sempre que pretos e pobres têm a oportunidade de fazer valer suas potencialidades em condições mais igualitárias —, essas elites reagem com violência armada, simbólica e política. Os exemplos se repetem: Vargas, Jango, Lula e Dilma. O discurso golpista vem travestido de moralidade, invocando o velho falso moralismo da corrupção, supostamente presente apenas no Estado. Essa retórica tem servido, historicamente, como forma velada de racismo e segregação, sob o disfarce de defesa da moralidade pública.

      Estaria a elite brasileira, a partir de São Paulo — seu maior núcleo financeiro e simbólico —, ensaiando mais uma vez erguer um dique contra o avanço social promovido pela retomada das políticas públicas nos últimos dois anos? Com a definição de uma candidatura mais palatável ao seu perfil, estaria ela pavimentando o caminho de volta ao uso do falso moralismo? Diante das condições objetivas, não me parece que a trilha visada seja a de um golpe como em 1964, 2016 ou o tentado em 2023 — mas tampouco está muito distante do que se viu em 1989.  

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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